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RESENHA: Sons de Ferrugem e Ecos de Borboleta (Nicoletti, Noemi)

  • Foto do escritor: Laura Machado
    Laura Machado
  • 26 de set. de 2019
  • 4 min de leitura

Sinopse:

Liesel tem duas grandes paixões: música e o cantor australiano Leo Adrian. Sons de Ferrugem & Ecos de Borboleta trata da história dessa jovem de 17 anos, que, enquanto trabalha em Pianoforte, uma gigantesca loja de música no litoral paulista, sonha com amor verdadeiro e com o ídolo que nunca encontrou pessoalmente. Quando chega a notícia de que, pela primeira vez, Leo Adrian virá ao Brasil, Liesel vê nisso a oportunidade para conquistar a atenção do cantor e fugir da vida que leva.

Mas, espere: a história não se trata de um romance entre uma garota e o ídolo. Nada irá acontecer do jeito que se espera. A vinda do cantor é só o estopim para o início de uma série de reviravoltas e conflitos que levarão Liesel a experimentar romance, redenção, autodescoberta, amadurecimento e lições para a vida toda.

O QUE EU ACHEI:


Faz muito tempo que eu queria escrever essa resenha, mas um conflito com a autora me fez adiar minha avaliação. Existem poucas coisas que considero mais importantes do que ter uma opinião e o direito de expressá-la, mesmo que seja negativa (ou, talvez, principalmente quando é negativa). Minha intenção nunca é magoar ninguém, mas depois de uma atitude extremamente tóxica e ofensiva da autora, por tempo demais fiquei intimidada da não falar o que achei do seu livro. Como ela tinha vindo tirar satisfação comigo sobre a nota que eu tinha escolhido dar, já podia imaginar o que falaria se eu dissesse minha opinião da leitura. Pior ainda foi quando praticamente me chantageou com resenha e nota do meu livro (sim, sou escritora também), me dando a entender que era algum tipo de cobrança e que ela poderia facilmente me retribuir uma resenha negativa com outra dela. Outra coisa das que eu considero mais importantes no mundo é honestidade. Prefiro que falem mal do meu livro do que me iludam com elogios falsos e nunca, em um milhão de anos, vou querer que alguém se sinta desconfortável de criticar alguma coisa da minha escrita por medo do que eu vou pensar. A sua opinião pode ser completamente contrária à minha, mas é seu direito tê-la, e é por isso, pela minha opinião e liberdade de expressá-la, ambas as quais estimo muito, que resolvi finalmente vir falar o que achei de Sons de Ferrugem e Ecos de Borboleta. Talvez o mais estranho e triste de tudo que aconteceu entre eu e a autora seja eu sempre ter gostado bastante das histórias dela. Realmente acho que ela escreve muito bem, e este livro foi o único que não achei ótimo e incrível. Ainda tenho tantas coisas para elogiar nele, que essa resenha nem pareceria tanto negativa se não fosse pela atitude da autora de exigir que eu desse cinco estrelas com chantagem emocional e indiretas ao meu livro. A melhor parte de Sons de Ferrugem é mesmo a escrita da autora, que é delicada, sensível e que nunca fica forçada para soar bonito, mas consegue naturalmente. Também gostei bastante da construção dos personagens. Normalmente, em livros adolescentes, não vemos muito desenvolvimento de protagonista complexo, mas a Liesel aqui tem várias camadas a serem exploradas, não só em si mesma, mas sobre a relação dela com outras pessoas, principalmente sua família. Existe uma razão para o título, ele não é aleatório, e sua explicação é bem inteligente e interessante! Mas, antes de você começar a ler, é bom já ir esperando algumas coisas. Primeiro, a protagonista tem muito o que crescer, e isso costuma significar que ela tem vários defeitos no começo. E a Liesl tem vários mesmo. Milhares, praticamente. Eu não sou de me incomodar tanto com defeitos em personagens, porque as pessoas não são perfeitas mesmo, mas cheguei a ficar um pouco incomodada com a chatice e a infantilidade dela durante o livro. Claro que isso significa que tem espaço para trabalhar nela, e a autora dá um propósito para seus defeitos, então tente não deixar isso te desanimar. O enredo é bem bacana também, mas já deixo avisado que existe um toque religioso na história que me incomodou muito. Existe uma razão para eu não ler livros declaradamente religiosos - eu não quero. Então sempre é um problema quando aparece nos livros que não deram qualquer indicação de ter uma ideologia específica religiosa por trás. Isso me desanimou bem, ainda mais quando é quase todo o clímax. Não é como se fosse só uma descrição da religião dos personagens, é quase uma lição ou moral (que é o ponto principal do livro, claramente). Tenho que admitir que me fez gostar menos dos personagens e perder a vontade de continuar nessa série, mas não é nada pesado e nem tão deslocado a ponto de parecer forçado demais. Só não é meu estilo. Também achei que o romance deixou a desejar. As questões pessoais da protagonistas são exploradas de um jeito muito sensível e bonito, mas o romance era desnecessário e desandou no meio, só para voltar no final, parecendo só cumprir obrigação de livros adolescentes. Foi desnecessário até, porque o foco devia ser só as relações da família da protagonista, mas não chegou a ser péssimo nem nada assim.


Péssimo foi, na verdade, um personagem estrangeiro do Oriente Médio chamado Terra, como apelido de terrorista. Nada perdoa isso. Não adianta dizer que "o próprio personagem que criou esse apelido". É exatamente o tipo de brincadeira preconceituosa que incentiva a xenofobia e que, repito, não tem como perdoar. O fato é que o livro tem defeitos e qualidades, minha nota não é péssima, e, se você se interessou, acho que deva dar uma chance para a história. Se alguma das minhas críticas te incomodou e você acha que não ia gostar, procure outras histórias da autora na Amazon, porque ela realmente escreve bem e tem contos ótimos! (Indico principalmente um que chama A Princesa Errada.) Seu único problema é tentar diminuir e silenciar as opiniões de seus leitores, ainda que não sejam opiniões tão negativas.

 
 
 

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