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RESENHA: Trilogia Peças Infernais (Clare, Cassandra)

  • Foto do escritor: Laura Machado
    Laura Machado
  • 25 de set. de 2019
  • 10 min de leitura

Anjo Mecânico - Livro 1


Sinopse:

Tessa Gray tem um anjinho mecânico pendurado no pescoço, um presente de família do qual nunca se separa. O tique-taque do pingente faz com que ela se sinta segura junto à lembrança dos pais, que já morreram. Mal sabe Tessa que esse barulhinho muito em breve vai se tornar o odioso som de um exército comandado por forças do Submundo. Com os Caçadores de Sombras e seu recém-descoberto poder sobrenatural, ela enfrentará uma guerra mortal entre os Nephilim e as máquinas do Magistrado, o novo comandante das trevas na Londres vitoriana.


O QUE EU ACHEI:


Talvez a culpa seja da minha expectativa, mas esse primeiro livro da trilogia Peças Infernais não foi tão bom quanto eu esperava. Ele ainda foi muito bom, mas eu realmente esperava que fosse incrível e não foi tanto assim. Muitas coisas nele poderiam ter sido melhores. Uma delas é a ambientação. Eu já li outro livro vitoriano steampunk, The Falconer (mas esse se passava na Escócia), que conseguiu me fazer sentir que estava naquela época e em um mundo mais steampunk do que esse livro. Não que a ambientação tenha sido ruim, mas senti falta de acreditar nesse mundo como real e presente durante a história. Tinha uma coisa que poderia ter ajudado, e a falta dela atrapalhou em outra questão também.


Ou seja, na Tessa. Se a Cassandra tivesse mostrado mais sobre a vida da Tessa antes, além de que eu provavelmente teria conseguido me situar melhor na época, também entenderia melhor quem a Tessa é. Senti falta de uma personalidade mais clara nela o livro todo. Ainda não parece que a conheço, não sinto firmeza em sua personalidade. Durante muitas das cenas, aliás, Tessa foi um pouco donzela demais para o meu gosto. Não é preciso ter habilidades para ter atitude. Mas ela compensou isso no final lindamente (ainda que poderia ter sido bem melhor se tivessem aparecido mais provas de que ela poderia cuidar de si mesma). Ela não foi a única personagem a me incomodar. Confesso que não entendi bem qual a intenção da autora em criar o Will. Ele é tão, mas tão parecido com o Jace, que tive que me forçar a imaginá-lo diferente. Ele me aparecia loiro, com toda a fisionomia do Jace, em todas as suas cenas, até eu lembrar que não era o Jace, e sim "um outro personagem". Mas vou admitir que percebi uma boa diferença entre os dois: o Will é cruel demais, um pouco tosco. Se era intenção da autora me fazer gostar dele, falhou, porque eu revirava os olhos só de ele aparecer e não consigo imaginar o que faria alguém shippar ele com a Tessa. Pude perceber que ele é tosco logo no prólogo e já fiquei apreensiva em relação a ele durante todo o livro a partir daí. É até um pouco chatinho pensar que ele estará presente por mais dois livros, já que eu o considero super desnecessário e o romance não me agradou em nada, mesmo o pouco que teve.


Também tive problemas com o Jem, é verdade, mas de outro modo. Ele é o mais interessante de todos, mas teve pouquíssima atenção durante a história desse primeiro livro. Até quase no final, eu ainda não tinha ideia de como era sua personalidade direito, ainda tenho pouca noção; mas, pelo que pude ver, ele é um pouco lerdo e talvez bobo até, quase inocente, de um jeito infantil. Espero que ele ganhe mais destaque no próximo livro e mostre que não é assim de verdade, porque eu também tinha altas expectativas para ele (uma dica: li os seis livros de Instrumentos Mortais antes de começar esse). Só tive um outro problema com o livro, para ser honesta, que foram algumas atitudes simples mas burras de umas personagens femininas. Detesto quando a Cassandra coloca mulheres sendo burras e colocando tudo a perder (atitude clássica de filme também). Gosto de mulheres que param e pensam antes de tomar atitudes. Entendo que a posição de donzela deve vir naturalmente para mulheres que foram criadas para acreditarem que precisam ser salvas, mas uma Shadowhunter deveria saber que não é sempre assim.


Mas eu ainda acho que o livro merece quatro estrelas, porque foi muito bem escrito, como todos da Cassandra, é super fácil de ler, porque não dá vontade de parar, e a ideia da história ainda é muito boa. Espero só que o próximo livro consiga me fazer me apaixonar mais por essa trilogia, porque eu realmente esperava que ela fosse muito melhor do que foi até agora. Espero conseguir perceber quem a Tessa realmente é (em questão de personalidade, não o que ela é) e que Jem tenha um pouco mais de destaque. Aliás, adorei as referências para Instrumentos Mortais. Um beijo especial para o Church!


Príncipe Mecânico - Livro 2


Sinopse:

Tessa Gray não está sonhando. Nada do que aconteceu desde que saiu de Nova York para Londres (ser sequestrada pelas Irmãs Sombrias, perseguida por um exército mecânico, ser traída pelo próprio irmão e se apaixonar pela pessoa errada) foi fruto de sua imaginação. Mas talvez Tessa Gray, como ela mesma se reconhece, nem sequer exista. O Magistrado garante que ela não passa de uma invenção. Para entender o próprio passado e ter alguma chance de projetar seu futuro, primeiro Tessa precisa entender quem criou Axel Mortmain, também conhecido como Príncipe Mecânico.


O QUE ACHEI:


Existem livros que são ótimos pela escrita, pelo enredo e por várias outras razões. Esse daqui é ótimo por causa do romance e do desenvolvimento dos personagens. Estou realmente impressionada com a habilidade da Cassandra Clare, a quem já admiro sem limites, de criar três personagens tão profundos e reais. A Tessa, principalmente, foi a que mais cresceu durante a história até aqui e sua racionalidade foi brilhante; e seus pensamentos sobre tudo pelo que ela passou foram maravilhosos. Foi nesse livro em que ela se tornou uma das minhas personagens favoritas. Foi nesse também em que Jem e Will entraram para a mesma lista. Sim, estou me sentindo um pouco idiota aqui de não ter gostado do Will no primeiro livro. Foi bem arriscado da parte da autora confiar que os leitores acabariam por entendê-lo nesse segundo (sei bem de alguém que ainda detesta ele, coitado). Mas funcionou para mim, foi bem convincente e eu realmente gosto dele agora, bastante até! Infelizmente, a resolução do enredo dele nesse livro teve um toque de ser fácil demais, mas não a ponto de virar um ponto negativo, na minha opinião.


O Jem no primeiro livro era meio invisível, mas apareceu o suficiente para me dar a impressão de ser um pouco inocente. No começo desse livro, ele teve mais atenção e se mostrou constantemente calmo, carinhoso, pacífico e diplomata. E nenhuma dessas características são ruins, mas podem virar um defeito quando isso é tudo que ele é. Eu estava começando a ficar frustrada de ele nunca perder essa calma - mas aí ele perdeu. Meu deus, comecei a gostar dele um milhão de vezes mais só nessa cena e continuei cada vez mais até o final. A última parte do enredo dele também teve uma cena que me deixou um pouco insatisfeita, porque pareceu rápido e talvez um pouco forçado, mas entendo a decisão da autora de fazer isso acontecer. Aliás, até pouco antes da metade desse livro, eu estava reclamando da falta do triângulo amoroso. Definitivamente não deveria ter reclamado, pois, quando ele apareceu, como foi prometido desde o primeiro livro, conseguiu partir meu coração de um jeito que eu não podia imaginar ou acreditar que faria. O romance desse livro é verdadeiramente seu ponto alto e ele é espetacular mesmo. Já falei que estou impressionada? É por causa dele que eu amei Príncipe Mecânico, porque, para falar a verdade, o livro não tem muito enredo. Então, se você está procurando por grandes revelações, cenas tensas, arriscadas, com reviravoltas e batalhas, não vai encontrar por aqui. Ainda tem algumas dessas coisas, mas nenhuma foi muito inesperada, nenhuma foi realmente grave e aconteceram pouquíssimas coisas aqui de verdade. E eu entendo isso também. A autora claramente quis usar esse segundo livro para se aprofundar na criação dos personagens - e ainda bem, porque eu não estava nem um pouco apegada a nenhum deles pelo primeiro livro. Ela conseguiu se aprofundar nos secundários também, o que me ajudou muito a sentir que eu também participava da causa de querer manter o instituto com a Charlotte. Mas tenho que admitir que a grande falta de acontecimentos pode parecer conveniente demais para as necessidades dos personagens principais. Por muito tempo eu fiquei esperando o momento em que uma reviravolta fosse aparecer e me deixar boquiaberta, mas não apareceu. Todas as "descobertas" desse livro são fáceis de adivinhar e, até quando não são, não chegam a surpreender.


E essa é minha ressalva a essa trilogia nesses dois primeiros livros. Até agora, em momento nenhum eu fiquei realmente surpresa por nada. Quero que a autora me impressione no próximo livro com mais do que a escrita e os personagens. Ela já os conquistou nos livros anteriores. O terceiro precisa ter ação, enredo movimentado, explicações que estão faltando há muito tempo e uma resolução mais do que satisfatória. É muita promessa em uma trilogia só para ela não fazer um terceiro livro excepcional. Aliás, não é uma crítica, só um pedido: será que dá para a Tessa usar seu poder mais vezes? Meu deus, ela não tem curiosidade nenhuma em aprender a entendê-lo, a testar seus limites, a transformá-lo em uma defesa que ela domine! Não como eu queria que tivesse. Mas ainda tenho esperanças para o terceiro livro.


Princesa Mecânica - Livro 3


Sinopse:

“Princesa Mecânica” é ambientado no universo dos Caçadores de sombras, também explorado na série Os Instrumentos mortais, que chega agora ao cinema. Neste volume, o mistério sobre Tessa Gray e o Magistrado continua. Mas enquanto luta para descobrir mais sobre o próprio passado, a moça se envolve cada vez mais num triângulo amoroso que pode trazer consequências nefastas para ela, seu noivo, seu verdadeiro amor e os habitantes do Submundo.


O QUE ACHEI:


Está certo, eu me rendo. Finalmente tenho que admitir que acredito em magia, porque é exatamente isso que a Cassandra Clare faz. Magia. É a única explicação para um livro tão emocionante e tão maravilhosamente bem escrito e tramado. Tem que ser magia. Mentira. Existe outra explicação: a mistura perfeita de inteligência, trabalho duro e talento. É uma honra fazer parte desse universo, nem que só durante as páginas de cada livro. Esse em especial deve ser o mais bonito que ela já escreveu (ou melhor, que eu já li). Vai ser difícil superar, mas tenho certeza de que ela ainda vai conseguir. Confesso que tenho ainda algumas críticas a fazer (sempre tenho, né?), mas a culpa é da própria autora. Se ela não tivesse subido tanto o nível dos seus livros, eu provavelmente não seria tão exigente com eles. As críticas que eu tenho para esse, por exemplo, são muito pequenas perto dos elogios.


A sensação que eu tenho é de que a autora viu todo mundo reclamando de triângulos amorosos e se sentiu desafiada a criar uma história baseada nesse formato que fizesse todo mundo se apaixonar e amá-lo. E conseguiu. Não conseguirei mais ver triângulo nenhum do mesmo jeito, ninguém vai conseguir chegar aos pés desse e da sensibilidade que ela usou para construí-lo. Tem algo que a Tessa fala no final, sobre o jeito que amou os dois, que descreve ele perfeitamente. Fiquei cada vez mais impressionada com a genialidade da autora ao tratar esse romance. Mas minha parte preferida é a escrita dela, não tem jeito. Ela consegue descrever cenas e sentimentos sem parecer se esforçar para escrever bonito, sem ficar forçado e exagerado e ainda assim conseguindo roubar o fôlego de quem lê. É impossível não se emocionar com as coisas que os personagens vivenciam, principalmente a Tessa. Minha segunda parte preferida são as conexões entre essa trilogia e Instrumentos Mortais. Eu li os seis livros da outra série antes de começar essa, então o epílogo não foi exatamente uma surpresa para mim, nem certos detalhes da história, mas o livro ainda conseguiu ser extremamente emocionante. Só posso imaginar como deve ser para quem não leu os três últimos de Instrumentos Mortais antes dele. E, mesmo assim, como faz tão pouco tempo que li, perceber os pequenos detalhes de conexão entre eles, de objetos, de menções, do Church, foi tão legal! Essa é uma das razões para eu amar tanto esse universo! O enredo desse livro foi bem melhor que o anterior (ainda que o anterior tenha compensado demais em outras coisas), começando movimentado desde o começo. Eu cheguei a rir alto de várias coisas, de ter que parar de ler para rir, mas cheguei a chorar também, a sentir que lia um livro daqueles que muda sua vida. Princesa Mecânica tem tudo e faz tudo extremamente bem. A primeira das duas coisas que me incomodaram um pouco foi que a resolução da "batalha final" foi rápida. Tem uma reviravolta incrível ali, mas tudo se resolve muito rápido depois dela. Para tanta coisa que vinha ficando cada vez pior, foi fácil demais na minha opinião. Além disso, a verdadeira razão da Tessa ter sido criada e suas circunstâncias foram também mais simples do que eu esperava. Eu estava tão, mas tão curiosa nessa questão, que quase procurei no Google antes de chegar mesmo na metade do livro. Mas quando tudo foi explicado, pareceu tão sem graça depois de tanto tempo tentando entender tudo. Acho que, se a autora tivesse explicado no primeiro ou no segundo livro, já teria sido o bastante. Para guardar para o terceiro, precisava ter uma razão maior que a que teve, ainda mais que ela poderia ter sido adivinhada se eles tivessem tentado de verdade. Mas isso não tira a beleza do livro. Eu consideraria essa trilogia mais um romance do que qualquer coisa, mas um romance precioso que merece ser conhecido por todo o mundo. Espero que ninguém considere isso uma crítica realmente, porque esse terceiro livro é mais do que maravilhoso e brilhante, se tornou um verdadeiro tesouro para mim. Essa mistura dos Shadowhunters com a era vitoriana foi mais do que genial, funcionou lindamente, e eu não consigo nem explicar minha felicidade por saber que vai ter outra trilogia focada na próxima geração - e que eu ainda tenho a trilogia da Emma Carstairs para ler!


Antes que eu me vá - para passar o resto da minha vida relembrando essa história e curtindo meu amor por ela, - tenho que mencionar uma das coisas que já percebi conseguirem fazer com que eu goste dos livros da Cassandra Clare mais do que o normal: os vários pontos de vistas. Ela fez isso também nos últimos livros de Instrumentos Mortais, e esse é um dos truques que acabam me fazendo amá-los ainda mais! Nem que sejam cenas rápidas, só de ver o que os outros personagens além dos protagonistas vivenciam, já deixa tudo mais interessante. Eu nunca vou conseguir descrever a beleza da escrita da Cassandra e as milhares de camadas complexas, sensíveis e humanas de cada personagem dessa história que ela teceu maravilhosamente. Quem sabe eu chegue perto dizendo de novo que foi magia, tem que ser, e que esse livro faz você sentir que acabou de ler sobre pessoas, um universo e um romance extraordinários.

 
 
 

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