RESENHA: Duologia The Crown's Game (Skye, Evelyn)
- Laura Machado
- 20 de set. de 2019
- 8 min de leitura
The Crown's Game - Livro 1
Sinopse:
Vika Andreyev can summon the snow and turn ash into gold. Nikolai Karimov can see through walls and conjure bridges out of thin air. They are enchanters—the only two in Russia—and with the Ottoman Empire and the Kazakhs threatening, the Tsar needs a powerful enchanter by his side. And so he initiates the Crown’s Game, an ancient duel of magical skill—the greatest test an enchanter will ever know. The victor becomes the Royal Enchanter and the Tsar’s most respected adviser. The defeated is sentenced to death. Raised on tiny Ovchinin Island her whole life, Vika is eager for the chance to show off her talent in the grand capital of Saint Petersburg. But can she kill another enchanter—even when his magic calls to her like nothing else ever has? For Nikolai, an orphan, the Crown’s Game is the chance of a lifetime. But his deadly opponent is a force to be reckoned with—beautiful, whip smart, imaginative—and he can’t stop thinking about her. And when Pasha, Nikolai’s best friend and heir to the throne, also starts to fall for the mysterious enchantress, Nikolai must defeat the girl they both love . . . or be killed himself. As long-buried secrets emerge, threatening the future of the empire, it becomes dangerously clear . . . the Crown’s Game is not one to lose.
O QUE EU ACHEI:
Às vezes o quanto você gosta de um livro depende das expectativas que tinha para ele. Às vezes não tem o que você faça para ele ser bom. Juro que tentei ao máximo preparar minhas expectativas, esperei só aquilo que tinha visto que tinha. Esperei um romance com uma atmosfera de conto de fadas, esperei que o jogo da coroa não fosse tão brutal quanto parece pela resenha, esperei um livro mais leve do que a capa dá a entender. Eu esperei exatamente o que o livro entrega e ainda assim não conseguiria dar mais do que duas estrelas para ele.

É até estranho pensar que estou dando a ele uma nota que costumo reservar para livros que eu detesto, quando não tem nada revoltante nesse livro, não tem nada aqui digno de ódio. Mas, conforme eu lia, ficou impossível negar que ele é ainda extremamente amador. Não parece só que é o primeiro livro da autora, como a primeira história que ela escreveu em toda sua vida. Dá para ver isso na falta de desenvoltura e ritmo da sua prosa, nos diálogos forçados e nas frases desajeitadas entre si. Dá para ver no jeito que ela fala muita coisa em vez de contar e mostra pouquíssimas, no jeito que explica certas coisas sem nunca provar em atitudes dos personagens. Nada nesse livro convence, e essa é a pior parte. Parece que tudo que aconteceu, tudo que foi falado foi da boca para fora, que não teve significado nenhum. E essa falta de credibilidade está em tudo mesmo, na personalidade dos personagens, na história de vida deles, nas suas habilidades às vezes aleatórias, no universo meio conto de fadas, meio nada conto de fadas, nas regras do jogo principalmente e em tudo que eles arriscam. Foi bem estranho ler um livro em que nada tem peso nenhum, em que tudo parece tão fácil de desfazer ou desconsiderar quanto uma bolha de sabão. Uma ideia dessas, com um fundo histórico tão bem pesquisado, não poderia ter ficado tão frágil. E eu estava mesmo esperando certas coisas baseadas no que tinha lido em resenhas negativas. Achava que estava preparada. Por exemplo, vi bastante gente reclamando que os personagens não levavam o jogo a sério e ficam mais preocupados com suas vidas amorosas. Quem dera. Achei o romance do livro pobre demais, inaceitável até chamar de romance. Além de ter um triângulo amoroso em que ninguém poderia de maneira alguma falar que ama outra pessoa sério, já que literalmente não se conhecem, as atitudes dos personagens são sem pé nem cabeça, baseadas nesse amor imaginado e absurdo. Eu estava disposta a aceitar todo o resto do livro ser mal pensado e inconsequente, contanto que o romance fosse bem feito. Mas não foi.

Então tenho todo direito de reclamar do próprio jogo da coroa, com rituais aleatórios e regras contraditórias e mal explicadas, certo? Não consigo entender o que leva dois encantadores a participar do jogo que vai até a morte. Pura determinação de chegar ao posto de encantador do império? Porque nenhum dos dois parecia muito interessado nisso, quanto mais determinado. Eles agiam mais como presos sentenciados à morte que ainda não tinham percebido o parâmetro da sentença. Além de que, talvez desistir da própria vida seja razão o suficiente para não participar? Em nenhum momento a autora explica por que eles têm que participar, só que, uma vez que começado, o jogo tem que ir até o fim. E em nenhum momento ela explica por que eles voluntariamente participariam. Sem contar com as outras regras mal explicadas, como por que dois encantadores não podem existir juntos, quais os limites da magia, por que tem outras pessoas com pouca magia, como ela desapareceu, que droga de sistema mágico é esse que só afeta as quatro pessoas pertinentes à história? E, sim, as provas do jogo foram bem qualquer coisa, nunca poderiam chamar isso de um duelo sem estarem tirando sarro de quem acreditar. Mas talvez outra coisa que tenha me frustrado mais foi que o livro criava histórias paralelas para explicar coisas que ainda não tinham aparecido! Em vez de apresentar o mistério primeiro e depois ir preenchendo as lacunas com demonstrações de explicações, ele primeiro contava um detalhe novo e depois, muitas vezes no próximo capítulo, dava o primeiro problema - que era rapidamente colocado para trás - a ver com esse mistério. E as histórias paralelas também, desnecessárias. Mal encaixavam no resto, tinham a mesma falta de credibilidade que o resto. Nada convence aqui!

Mesmo depois disso tudo, não odeio o livro. Vou ler o segundo em seguida, mas só porque já tinha comprado e provavelmente acabaria desistindo se não começasse agora. Ele não é revoltante, mas a inexperiência da autora fica clara desde o começo. O que mais me incomoda, aliás, são os editores, que estão acostumados com trabalhos mais profissionais e poderiam muito bem tê-la mandado trabalhar em cima dessa ideia direito antes de publicar, porque poderia ter sido brilhante. Eu amo ficção histórica com fantasia assim, essa mistura de coisas que aconteceram com um detalhe novo. É muito triste pensar que essa ideia foi desperdiçada em um livro que precisava ter sido reescrito antes de publicado.
The Crown's Fate - Livro 2
Sinopse:
Russia is on the brink of great change. Pasha’s coronation approaches, and Vika is now the Imperial Enchanter, but the role she once coveted may be more difficult—and dangerous—than she ever expected. Pasha is grappling with his own problems—his legitimacy is in doubt, the girl he loves loathes him, and he believes his best friend is dead. When a challenger to the throne emerges—and with the magic in Russia growing rapidly—Pasha must do whatever it takes to keep his position and protect his kingdom. For Nikolai, the ending of the Crown’s Game stung deeply. Although he just managed to escape death, Nikolai remains alone, a shadow hidden in a not-quite-real world of his own creation. But when he’s given a second chance at life—tied to a dark price—Nikolai must decide just how far he’s willing to go to return to the world. With revolution on the rise, dangerous new magic rearing up, and a tsardom up for the taking, Vika, Nikolai, and Pasha must fight—or face the destruction of not only their world but also themselves.
O QUE EU ACHEI:
Ainda que ser melhor do que o primeiro não seja lá uma propaganda muito válida, já que o anterior foi tão ruim, esse livro, com todos os seus defeitos, claramente foi escrito por alguém mais experiente que o outro. Só por isso, eu já considero dar uma segunda chance para a autora em algum próximo livro que ela escreva. Mas não posso chegar a falar que The Crown's Fate foi muito bom também. Tenho bastante coisa para comentar. É muito difícil um segundo livro ser ótimo quando o primeiro foi como The Crown's Game, cheio de furos, coisas mal explicadas e uma construção tão pouco convincente. Por causa disso, acho que esse segundo foi até muito melhor do que eu esperava. Mas o ruim do primeiro me impediu de curtir esse. Uma grande parte da minha irritação com ele, aliás, eu devo somente ao primeiro, que já tinha criado esse incômodo em mim. Mas não tinha como evitar, principalmente quando alguns dos problemas do anterior se mantiveram aqui. O romance, por exemplo, nunca chegou a convencer no seu desenvolvimento e não melhorou aqui. O pior, na minha opinião, é que a autora deixou de mostrar nas atitudes dos personagens os sentimentos que ela dizia que eles tinham. Eu teria deixado para trás o nascimento sem sentido desse amor se ele se provasse existente aqui, mas não foi assim. Esse romance não funcionou. O enredo, em compensação, foi bem mais interessante durante boa parte do livro. Ele só falhou de verdade no final, com uma resolução um pouco simples demais para tamanho alarde que vinha sendo construído. Mesmo assim, achei que foi uma história bem satisfatória para um segundo livro, ainda mais quando não esperava muita coisa. Meu verdadeiro problema com esse livro foram os personagens. Ainda acho que me incomodei com eles em parte por já não ter gostado muito deles no primeiro livro, mas a autora também se arriscou demais aqui fazendo o Nikolai se tornar quem se tornou e errou feio com algumas atitudes do Pasha. O Nikolai, apesar de ter sido meio irritante às vezes, tinha uma razão para isso. O Pasha, em compensação, teve tanta atitude de vilão, que fiquei impressionada pela autora não ter percebido o que estava fazendo. E agora eu vou mencionar uma coisa que pode talvez ser considerada spoiler. Eu ainda vou evitar falar diretamente sobre o que é, mas talvez você ainda queira pular esse parágrafo/parte e ir para o próximo. A escolha é sua. Eu realmente não sei o que a autora estava pensando para não perceber que o jeito que o Pasha e a Yuliana estavam tratando a Vika era basicamente uma escravidão. Quando uma pessoa não pode recusar uma ordem ou questioná-la sem levar uma punição física, não existe outra palavra para isso. E o pior é eles abusarem da habilidade dela e ainda a impedirem de usá-la para qualquer coisa que não seja uma ordem deles. Isso para mim passou do limite de aceitável logo no começo e só foi piorando durante o livro. Mais do que qualquer outro personagem ali, Pasha e Yuliana se tornaram os verdadeiros vilões, mas foram tratados pela autora como mocinhos. Além disso, quem estava contra eles queria uma monarquia constitucional. Ficou impossível torcer por eles depois disso, quando uma constituição é mais do que razoável para qualquer pessoa com o mínimo de consideração pelo seu povo. Li o livro todo torcendo para o Pasha perder esse trono de uma vez, mas a autora claramente não percebeu o que estava fazendo.

Tá, vai, eu tenho duas coisas para mencionar a favor desse livro, serve? A primeira delas é a Vika, que ficou melhor nesse livro, um pouco mais carismática, mesmo que não tenha chegado perto de ser uma personagem bem construída e do tipo que dá para você se importar com ela. Além disso, as habilidades dela e do Nikolai fizeram muito mais sentido aqui, algo que antes era aleatório e agora ficou mais concreto. Mesmo assim, eu não recomendaria essa duologia. Apesar do segundo livro ter sido melhor que o primeiro, não tem nada nele realmente interessante e atraente. Até mesmo o fundo histórico perde sua graça em meio a um enredo e personagens tão esquecíveis, além de uma questão política meio perturbada (na minha opinião). Existem tantos outros livros melhores e mais únicos por aí.
Hozzászólások