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RESENHA: Trilogia A Maldição do Vencedor (Rutkoski, Marie)

  • Foto do escritor: Laura Machado
    Laura Machado
  • 18 de set. de 2019
  • 12 min de leitura

A Maldição do Vencedor - Livro 1

Sinopse:

Kestrel quer ser dona do próprio destino. Alistar-se no Exército ou casar-se não fazem parte dos seus planos. Contrariando as vontades do pai - o poderoso general de Valória, reconhecido por liderar batalhas e conquistar outros povos -, a jovem insiste em sua rebeldia. Ironicamente, na busca pela própria liberdade, Kestrel acaba comprando um escravo em um leilão. O valor da compra chega a ser escandaloso, e mal sabe ela que esse ato impensado lhe custará muito mais do que moedas valorianas. O mistério em torno do escravo é hipnotizante. Os olhos de Arin escondem segredos profundos que, aos poucos, começam a emergir, mas há sempre algo que impede Kestrel de tocá-los. Dois povos inimigos, a guerra iminente e uma atração proibida... As origens que separam Kestrel de Arin são as mesmas que os obrigarão a lutarem juntos, mas por razões opostas. A Maldição do Vencedor é um verdadeiro triunfo lírico no universo das narrativas fantásticas. Com sua escrita poderosa, Marie Rutkoski constrói um épico de beleza indômita. Em um mundo dividido entre o desejo e a escolha, o dominador e o dominado, a razão e a emoção, de que lado você permanecerá?

O QUE EU ACHEI:

Não tem jeito. Eu me apaixonei completamente por esse livro e essa história. Só de ler a sinopse do segundo, já sei que vou amar também. Tem uma razão bem específica para isso, esse livro tem uma coisa que me faz amar histórias e saber que não importa sua quantidade de páginas, eu sempre vou querer mais. Mas logo falo dela. Antes de começar meus elogios bem específicos e uma pequena ressalva, quero deixar bem claro que o infeliz classificou esse livro como distopia estava completamente errado e nem sabe o que a palavra distopia significa. Eu só recomendaria esse livro para pessoas que são apaixonadas por romances, principalmente de época; romance de verdade mesmo, de tirar o fôlego e proibido, em um ambiente antigo, mais parecido com o século dezenove. Não tem absolutamente nada de distópico aqui. Pelo contrário, a ideia da história e da situação dos dois países veio da ocupação romana na Grécia, e não tem como negar que a parte mais importante do livro é o romance.


E que romance maravilhoso! Qualquer livro de romance que essa autora resolver escrever, eu vou ler. Ela soube criar o romance devagar e ir alimentando com cuidado, com tantos detalhes sutis, que foi impossível não me apaixonar junto! A escrita da autora é muito bonita e deixa tudo ainda mais emocionante. Como eu mencionei, ela deixa muita coisa sutil, mas muita coisa mesmo. Quando você for ler, precisa ver mais do que as palavras escritas ali, precisa ler nas entrelinhas e entender um pouco do simbolismo que ela mostra, mas nunca deixa na cara. Foram tantos detalhes pequenos e ainda assim significativos, que dá vontade de criar um manual para futuros leitores. Tenho medo de muita gente ter lido sem prestar atenção a eles e achado que a história é superficial, só porque sua leitura foi. Para mim, esse livro tem muito significado e muito peso, o que é essencial para um romance emocionante como o que teve. Além disso, eu amo romances entre mulheres de classes sociais mais altas do que a do cara. Krestel é da aristocracia Valoriana, é claro que ela vai se preocupar com roupas, joias e bailes - e que vai se preocupar com decoro, com os costumes do seu país e de seu ranking. E eu adoro isso! Mas tenho que admitir que nunca vou ficar confortável com escravidão (ainda bem que me incomoda, né?). É uma escravidão diferente da que aconteceu aqui, foi bem inspirada na dos gregos pelos romanos, mas isso nunca vai ser fácil ou aceitável. A pior parte para mim foi o leilão do Arin. Nunca tinha lido um livro que me fez ficar tão incomodada assim por uma cena, principalmente, que eu estava esperando desde a sinopse. Mas a escravidão é abordada, não é só uma desculpa para colocar Krestel em uma posição acima de Arin. É possível que alguns leitores não percebam o efeito da escravidão em alguns dos questionamentos que aparecem, se eles não ficarem atentos aos detalhes que mencionei. Então, fique! Mas a verdadeira razão de eu ter me apaixonado tanto pela história e saber que leria milhares de páginas dela sem nem parar para ver em qual estou (adoro livros que fazem isso!) é a Kestrel. Só personagens conseguem me fazer amar livros como eu amei esse. Ela rapidamente se tornou uma das minhas protagonistas favoritas! Como adoro romances de mulheres da alta sociedade com caras mais simples, é claro que eu adoro mulheres que agem como da alta sociedade. Não faria o menor sentido se Kestrel fosse super humilde e não um produto de sua criação. Ela é privilegiada, sim, mesmo que dê para ver desde o começo que não se considera superior aos escravos, só os vê como consequência de uma guerra de conquista de território, uma que foi liderada pelo seu pai. Em muitos momentos, dá para você ver a compaixão que ela tem e o potencial para desenvolver bem mais. E ela se desenvolve, e ela evolui, e esse livro é incrível, porque ela é incrível. Aliás, desde o começo você também consegue ver claramente o quanto ela é inteligente, e talvez essa seja minha parte favorita. Eu gosto também de história de mulheres guerreiras e tudo o mais, mas estava começando a sentir muita falta de uma mulher que fosse mais inteligente do que o normal, cuja força fosse seu cérebro, que pensasse com bastante lógica e conseguisse planejar até as manipulações mais simples. Fiquei encantada por esse jeito da Kestrel e também por seu amor à música. Ela saber lutar, mesmo que mediocremente, ainda ajuda, já que seu amor por tocar piano não é sua única habilidade, mas uma escolha. E o Arin também é incrível, não tem como não se apaixonar por ele! A relação entre os dois é maravilhosa, a química deles é impecável e a inteligência de um combina perfeitamente com a do outro! Existem poucos casais tão bem criados e entrosados! Mal posso esperar para saber o que vem no segundo livro. Mal. Posso. Esperar!


Agora, para minha única ressalva mesmo. O ritmo do livro é um pouco incerto. Vi muita gente falando que a segunda metade do livro é muito superior à primeira, mas eu amei a primeira e foi ela que me fez perceber que esse livro é um dos meus favoritos. A segunda é ótima também, muita coisa acontece, muita coisa que muda toda a situação, o que eu acho extremamente essencial em um livro. Só que o clímax do livro é perto demais do meio e o resto parece um começo de segundo livro, que tem uma certa evolução um pouco devagar (ou incerta, na verdade, já que não dá muito para prever o caminho que a história vai levar). Chega a parecer que terá outro momento digno de clímax, mas acaba se tornando uma preparação para o próximo livro. Isso não significa que foi ruim, em nenhum momento eu fiquei entediada, continuei amando tudo da história até a última página, mas não posso negar que em alguns momentos senti essa sensação de não saber bem aonde a história estava indo. Se tornou um pouco uma espera, ainda que curta e pontuada por momentos interessantes. Mas é uma mini ressalva, porque eu amei o livro e vou começar o segundo agora mesmo! Estou me sentindo um pouco besta de ter demorado tanto para comprar e ler, por ter ficado tão apreensiva com a história! Esse livro é maravilhoso e vai encantar todo mundo que é apaixonado por romances de época (mesmo que o mundo dele seja fictício).


O Crime do Vencedor - Livro 2


Sinopse:

Existe a tentação e existe a coisa certa a se fazer. E está cada vez mais difícil para Kestrel fazer a melhor escolha. Um noivado imperial significa uma celebração após a outra: cafés da manhã com cortesãos e dignatários influentes, bailes, fogos de artifício e festas até o amanhecer. Para Kestrel, porém, significa viver numa gaiola forjada por ela mesma. Com a aproximação do casamento, ela deseja confessar a Arin, seu ex-escravo e atual governador de Harren: só aceitou se casar com o príncipe herdeiro do império em troca da liberdade dele, Arin. Mas será que Kestrel pode confiar nele? Ou, pior: será que pode confiar em si mesma? No jogo do poder, Kestrel está se tornando perita em blefes. Age como uma espiã na corte. Se for pega, será desmascarada como traidora de seu próprio império. Ainda assim, ela não consegue deixar de buscar uma forma de mudar seu terrível mundo... e está muito perto de descobrir um segredo tenebroso. Nesta sequência fascinante e devastadora de A maldição do vencedor, Marie Rutkoski desvela o alto custo de mentiras perigosas e alianças pouco confiáveis. A revelação da verdade é iminente e, quando finalmente vier à tona, Kestrel e Arin vão descobrir o preço exato de seus crimes.


O QUE EU ACHEI:


Para quem não entendeu, o significado do título da minha resenha é: "Um livro ou um manual de como destruir um leitor?". Eu não tinha ideia do que esperava por mim nesse livro, não podia imaginar que teria tanta espionagem na corte e que eu passaria quase ele todo enjoada de tão tensa. Em muitas coisas, ele foi incrível, até de um jeito que me incomoda muito. Mas ele tem um defeito que me irritou muito e que me fez tirar uma estrela da nota. Não, esse livro não é tão divertido quanto o primeiro, porque ele é realmente muito mais tenso. Isso é ótimo, por um lado, porque prova que ele foi bem escrito e que as coisas estão ficando cada vez mais críticas e cada decisão dos protagonistas é determinante e tem efeitos em todo o enredo. Por outro lado, não posso negar que faltou algo para aliviar um pouco a tensão. Antes dessa trilogia, eu li um livro de outra chamada The Falconer. A situação da protagonista lá também estava bem difícil, mas, desde o primeiro livro, ela tem um amigo que é um pouco mais brincalhão e consegue fazer o leitor rir um pouco mesmo em meio a basicamente uma guerra. A mesma coisa acontece na trilogia Feita de Fumaça e Osso. Sem Mik e Zuzana, ninguém conseguiria nem respirar nos dois últimos livros da trilogia. Faltou isso aqui, um elemento simples que me distraísse de tudo de ruim que acontecia, algo que desse fôlego ao leitor nas horas mais difíceis. Mas não é isso que me impede de gostar tanto desse livro quanto gostei do primeiro. Em muitas questões, ele é vastamente superior. Como disse, só de ter aumentado as apostas, feito tudo ser ainda mais crítico, ele já subiu o nível do primeiro. Mas muito do seu enredo foi criado em cima de uma coisa que me incomoda bastante: falta de comunicação. Antes que você, que talvez também odeie isso, resolva desistir da trilogia por isso, tenho que admitir que as razões dessa falta de comunicação durante praticamente o livro inteiro foram mais do que satisfatórias. De fato, elas faziam tanto sentido, que o que me incomodou não foram os personagens guardando segredos e se impedindo de contar certas coisas no último segundo, só para desencadear uma série de acontecimentos. Sim, isso me irrita em outros livros, mas nesse era necessário. O que me irritou foi a autora ter criado tanta dúvida de "Devo contar ou não?". Se é para guardar segredos, guarde de uma vez. Todas as vezes em que ela provoca o leitor nesse livro são (dolorosas, para ser honesta) um pouco irritantes. Fiquei mais feliz quando as oportunidades acabaram. Mas aí veio o final. Eu imaginava que o livro fosse acabar parecido, com certas decisões tomadas por certos personagens, é verdade. Isso não diminuiu meu choque, mesmo assim. O que diminuiu um pouco foi ver que, depois de tudo pelo que eu (ou os personagens, né) tinha passado durante todo o livro, ela usou outra vez a falta de comunicação e um desencontro de dar raiva para levar o enredo aonde queria. E essa foi a vez que eu não consegui perdoar. Sim, segredos e desencontros são sempre irritantes, mesmo quando eles contribuem para o crescimento dos personagens. E Kestrel e Arin cresceram absurdamente aqui, de um jeito maravilhosamente bem escrito e descrito. Mais uma vez, a inteligência deles, principalmente a dela, foi clara e colocada à prova. Toda a questão de espionagem do livro foi mais interessante do que alguns livros de espionagem mesmo que eu já li e as intrigas no império são dolorosas de tão cruéis e verdadeiras.


Mas esse livro foi feito para destruir o leitor - e para jogar um balde de água fria em quem achava que um romance entre pessoas na posição de Kestrel e Arin seria fácil e minimamente - a palavra que mais me incomoda de considerar para essa frase, - possível. Estou um pouco com um pé atrás para o terceiro livro. Não me entenda mal, quero muito ler, vou começar agora mesmo, mas tenho medo do que pode vir. Além de que, talvez depois de toda a tensão do segundo, eu definitivamente precisava de algo que me deixasse respirar e relaxar um pouco, e não imagino que é isso que vem por aí. Mas eu acredito! Acredito em um final feliz (honestamente, tenho que acreditar, senão vou ter sido destruída à toa). E essa trilogia, com só dois livros lidos até agora, já se tornou uma das minhas favoritas.


O Beijo do Vencedor - Livro 3


Sinopse:

A guerra começou. Arin está à frente dela com novos aliados e o império como inimigo. Embora tenha convencido a si mesmo de que não ama mais Kestrel, Arin ainda não a esqueceu. Mas também não consegue esquecer como ela se tornou o tipo de pessoa que ele despreza. A princesa se importava mais com o império do que com a vida de pessoas inocentes – e, sem dúvida, menos ainda com ele. Pelo menos é o que Arin pensa. Enquanto isso, no gélido norte, Kestrel é prisioneira em um campo de trabalhos forçados. Ela deseja desesperadamente escapar. Deseja que Arin saiba o que sacrificou por ele. E deseja fazer com que o império pague pelo que fizeram a ela. Mas ninguém consegue o que quer apenas desejando. Conforme a guerra se intensifica, Kestrel e Arin descobrem que o mundo já não é mais o mesmo. O oriente está contra o ocidente, e os dois se encontram no meio de tudo isso. Com tanto a perder, é possível alguém realmente ser o vencedor? Numa narrativa tão empolgante quanto sensível, a difícil paixão entre Kestrel e Arin alcança um novo patamar. O beijo do vencedor é o grande final da Trilogia do Vencedor.


O QUE EU ACHEI:


Essa trilogia me surpreendeu de várias maneiras diferentes. A primeira delas veio com o livro A Maldição do Vencedor, que foi muito mais emocionante e apaixonante do que eu imaginava. O romance dele me conquistou de um jeito que teria valido pelos três livros se precisasse. O segundo livro provou toda a inteligência da autora, teve um enredo muito mais complexo e tenso do que o primeiro me fez achar que teria. E esse último se transformou em um livro praticamente de guerra e estratégias muito melhor do que vários de alta fantasia por aí. Essa trilogia é muito mais do que parece, e eu acho que todo mundo precisa dar uma chance para ela. Se não fosse por um pequeno mas incômodo defeito do segundo livro, esse não teria sido melhor que ele. A minha nota verdadeira para esse é 4,5, na verdade, mas quero arredondar para cima, porque essa trilogia merece mais atenção do que recebe. O Beijo do Vencedor não deixa nada a desejar em questão de estratégias e guerra. Mas o ponto alto dele são seus personagens. A autora é realmente muito talentosa para criar personagens humanos e complexos e desenvolver cada um durante os livros. Se a Kestrel já tinha crescido nos livros anteriores, nesse ela alcança todo seu potencial e praticamente tem que fazer isso do zero. Foi maravilhoso vê-la se construindo e desenvolvendo, mesmo que seu plot tenha me feito ficar muito sentida também. O Arin é o outro personagem que tem foco nesses livros e não decepcionou em momento algum. Pelo contrário, ele foi incrível desde o começo e me fez gostar ainda mais dele do que durante a história de antes (o que já tinha sido mais do que o normal). A relação dele com a Kestrel foi extremamente bem trabalhada também, além da dele com o Roshar. Aliás, o Roshar foi outra coisa que me surpreendeu, porque eu tinha detestado ele no livro anterior e cheguei a adorar ele aqui. Ele praticamente se tornou aquele personagem mais leve e brincalhão que ajudou a aliviar a tensão (mas não muito, tenho que admitir). Eu tenho uma pequena crítica para o livro, que me faz tirar meia estrela da nota. Apesar de muito bem feito e de eu ter gostado de tudo que aconteceu, até das coisas ruins, o livro não chega a ter nenhuma cena na hora da guerra que é absolutamente nova. Não sei quando ele foi escrito, talvez o problema seja dos outros que vieram depois dele e se inspiraram também, talvez seja dele. Só sei que não teve exatamente uma cena que fosse completamente inesperada, mesmo que todas tivessem seu apelo que as fizeram interessantes.


Depois de toda essa história, não tem muito mais que eu possa falar. Adorei a criação do mundo, as inspirações da conquista romana da Grécia, as diferentes nacionalidades e costumes e toda a história por trás dos diferentes países. Adorei também as estratégias das batalhas, que nunca foram só "Nós ganhamos", ou "Nós perdemos, porque sim". A minha parte favorita da trilogia toda foi o romance e, principalmente, o começo dele no primeiro livro, mas essa história é muito maior, mais complexa e abrangente do que isso, o que vai agradar principalmente pessoas que gostam de livros sobre intrigas de uma corte real, de batalhas quase medievais e de um mundo fictício bem criado.


Eu esperava uma trilogia no estilo da série A Seleção, leve, com detalhes políticos, mas pouco profunda, pouco explorada, quase boba. E como eu estava errada! Não consegui prever o quanto tudo evoluiria, mas fico feliz de ter dado uma chance mesmo quando tudo que achava que encontraria seria um romance proibido. Esses três livros mais do que valem a pena, se tornaram uma das minhas trilogias favoritas!

 
 
 

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