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RESENHA: O Demônio no Campanário (Pereira, Michelle)

  • Foto do escritor: Laura Machado
    Laura Machado
  • 21 de ago. de 2019
  • 3 min de leitura

Sinopse:

Evangeline Lions é uma garota como outra qualquer. Estuda em um colégio de boa reputação, diverte-se com seus amigos ouvindo música no último volume e tenta a todo custo chamar a atenção dos pais. Até eles se separarem e ela ser enviada para o colégio interno do Convento Senhora das Dores. Ali, Eva — como gosta de ser chamada — terá de se adaptar a uma nova rotina, a novas amigas malucas, a um possível pretendente e a uma inimiga implacável. Eron é um demônio que se alimenta da lascívia humana. Preso ao campanário do Convento por uma maldição e adormecido há décadas, ele é desperto por um novo cheiro no ar. Uma virgem chegou ao colégio e seu odor revela poder. Muito poder. Talvez a nova garota seja sua garantia de liberdade.


O QUE EU ACHEI:


Antes de mais nada, quero dizer que tinha algumas expectativas pela sinopse, o título e a capa, e que estou bastante decepcionada com a leitura. A autora, Michelle Pereira, é um amor de pessoa, e dá para ver já por várias partes desse livro que ela é uma boa escritora. Mas, talvez por ser seu primeiro, algumas coisas ficaram perdidas e incertas e a ideia não chegou nem perto de ser tão aproveitada quanto merecia. O principal problema que eu tive com a leitura foi a falta de ambientação. Se tirasse os capítulos do Eron, esse livro poderia ser sobre qualquer adolescente em qualquer colégio. O título, O Demônio no Campanário, a capa e até o prólogo dão uma ideia de que vai ser algo um pouco místico, bastante fantasioso, para provocar tensão e ansiedades. O fato do livro ser situado em um convento, por exemplo, já dá a impressão de que terá um certo clima de regras e religião que poderia ter acrescentado muito valor à história. Mas, infelizmente, ele também nunca aparece. Faltou a atmosfera misteriosa e contagiante que a sinopse e o título prometiam.


A narrativa poderia ter sido mais sensorial, também poderia ter explorado mais dos personagens e suas personalidades, principalmente da Eva. Em vez disso, a narrativa se resumiu quase somente à rotina escolar nada peculiar ou interessante da Eva e suas amigas e ficou cheia de diálogos desnecessários, nada naturais, muitas vezes repetitivos e que em nada acrescentavam à história. O verdadeiro enredo começa quando já está faltando só umas trinta páginas. E o que mais me desanima é o quanto fiquei animada com o prólogo, é a quantidade de promessa que alguns capítulos do Eron traziam. Ele era a parte mais interessante do enredo, mesmo que seus capítulos também tenham caído rápido em repetição e inutilidade. O final dele, também, quase foi ideal, mas a tentativa de introduzir mais ação ao livro no seu clímax só o deixou confuso e um pouco ilógico. A fantasia da história, que parece ser o ponto principal pelo título e a sinopse (e não é) nunca é explicada e não conseguiu me convencer, principalmente porque pareceu quase sempre aleatória. As últimas críticas que preciso fazer são para a rivalidade feminina e a superficialidade das garotas em volta da protagonista (a única que tinha algum conteúdo, mesmo que tenha provado em todas as cenas que era passiva e nunca salvaria a si mesma). Elas só falavam de vestidos e garotos, tanto que elas mesmas percebem isso. E eu adoro os dois tópicos, mas em um livro que era para ter fantasia, lendas e adaptação da protagonista em uma situação e um lugar tão diferente, nenhuma delas parece se importar com qualquer coisa que tenha um pouco mais de substância. Mas pior que tudo é a rivalidade. Não havia qualquer necessidade da Karina existir ou ser a vilã de novela mexicana que foi. Não gosto desse tipo de coisa sendo propagada em livros. Quero ver personagens femininas se apoiando, não medindo o comprimento da saia de uma garota que está interessada no mesmo cara que elas e a considerando inferior por isso.


Minha parte favorita talvez tenha sido a Cristal, ainda que ela não tenha tido a atenção e o desenvolvimento que merecia! Foi minha favorita principalmente porque foi a única inesperada. Queria que a autora tivesse perdido muito menos tempo em coisas triviais e focado mais nas que poderiam fazer leitores se identificarem e refletirem, como a questão da Cristal, ou em cenas que tivessem mais impacto e significado. E queria também ter sentido que entrava em um mundo novo e misterioso nesse livro, ter me identificado com alguma das personagens, ou até me encantado com outros. Mas, como disse, esse é só o primeiro livro da autora, que ainda tem uma carreira longa e próspera pela frente! E o livro é curto, deu para ler em um dia!

 
 
 

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