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RESENHA: Me Chame Pelo Seu Nome (Aciman, André)

  • Foto do escritor: Laura Machado
    Laura Machado
  • 16 de ago. de 2019
  • 3 min de leitura

Sinopse:

Livro que inspirou o filme dirigido por Luca Guadagnino, aclamado nos festivais de Berlim, Toronto, do Rio, no Sundance e um dos principais candidatos ao Oscar de 2018. A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver. Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida. Com rara sensibilidade, André Aciman constrói uma viva e sincera elegia à paixão, em um romance no qual se reconhecem as mais delicadas e brutais emoções da juventude. Uma narrativa magnética, inquieta e profundamente tocante.


O QUE EU ACHEI:


Esse livro não é para todo mundo. Sei que nenhum é, que tem sempre alguém, seja honestamente ou por pura insegurança e necessidade de se sentir diferente e especial, que não gosta de algum livro. Mas o que quero dizer sempre que uso essa frase é que o livro não é do tipo que agrada fácil, que conquista a maioria das pessoas, que será entendido por todo mundo que ler. Estou impressionada com a fama que ele conquistou (mesmo que tenha sido por causa do filme) entre pessoas que parecem tão distantes do estilo dele.


A primeira coisa que me fez perceber que este livro não é para todo mundo foi sua honestidade. Talvez honestidade seja uma palavra simples demais para o jeito que a história foi narrada sem medo, sem pudor, sem qualquer inibição. Do mesmo modo em que os dois personagens se entregam completamente um ao outro, a escrita é feita de intimidade e vulnerabilidade completas, de filosofia e poesia, e de detalhes reais e fantasiosos, idealizados, eróticos, românticos, dolorosos e vergonhosos. Ela abraça todas as emoções do Elio, das mais intensas e obsessivas às mais simples e impulsivas, sem medo de entregar demais. Foi extremamente corajoso do autor escrever esse livro como seu primeiro. E foi uma honra ler esse livro, fazer parte dessa intimidade que não era minha. Fiquei impressionada quando percebi a quantidade de emoções diferentes que eu tinha já sentido e reconheci no Elio, e mais ainda quando vi quantas sentia em poucas frases. Fiquei ansiosa, plena e feliz, ri às vezes, para frases abaixo perceber toda a tristeza da situação e logo em seguida ser consolada pela beleza desse amor existir. Foram tantas emoções mesmo, que terminei chorando meus olhos fora (choro super fácil com livros, mas esse consegue tirar lágrimas até de quem não chora), daquele tipo de choro que é mais emotivo do que racional. É até um pouco assustador ver meu próprio luto pelo final da história, ainda que ele me dê certo consolo. Não foi só nessa hora que chorei como se tivesse perdido algo valioso que nunca encontraria de novo. Minha parte favorita é a conversa do Elio com seu pai perto do final, e, ainda que o livro já não tivesse me dado nada para pensar ou para sentir antes, ele teria valido completamente a pena só por ela.


É difícil dizer se recomendo o livro. Recomendo, é claro, mas tenho medo de fazê-lo cair em mãos de quem não o entenderá ou merecerá. O texto parece difícil de longe, com frases e parágrafos longos, mas que eu lia como se pensasse junto com Elio, quase freneticamente. As falas também são misturadas às vezes em narração, de vez em quando sem qualquer indicação, o que eu achei ótimo, na verdade, não cheguei a ficar confundida sobre quem falava. Nunca poderia imaginar que isso me agradaria, principalmente porque não é do tipo de coisa que agrada a maioria das pessoas. Como eu falei, um livro que fica com você, que te faz repensar muita coisa, invejar dor e se entregar à história. Não é para todo mundo.

 
 
 

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