RESENHA: Walk on Earth a Stranger (Carson, Rae)
- Laura Machado
- 14 de ago. de 2019
- 5 min de leitura
Sinopse:
Gold is in my blood, in my breath, even in the flecks in my eyes. Lee Westfall has a strong, loving family. She has a home she loves and a loyal steed. She has a best friend--who might want to be something more. She also has a secret. Lee can sense gold in the world around her. Veins deep in the earth. Small nuggets in a stream. Even gold dust caught underneath a fingernail. She has kept her family safe and able to buy provisions, even through the harshest winters. But what would someone do to control a girl with that kind of power? A person might murder for it. When everything Lee holds dear is ripped away, she flees west to California--where gold has just been discovered. Perhaps this will be the one place a magical girl can be herself. If she survives the journey. The acclaimed Rae Carson begins a sweeping new trilogy set in Gold Rush-era America, about a young woman with a powerful and dangerous gift.
O QUE EU ACHEI:
Eu sou uma completa apaixonada por livros históricos como esse e quando vi que falaria da corrida do ouro para a Califórnia, quis ler principalmente porque nunca tinha lido nada dessa época nos Estados Unidos. O fato da Leah conseguir sentir ouro, ter esse detalhe de fantasia, só deixou a história mais atraente ainda na minha opinião. Mesmo assim, minhas expectativas estavam super baixas, porque eu já tinha lido várias resenhas dizendo que o livro não era tão bom. Agora, estou feliz de ter lido, mas tenho que admitir que elas estavam, em parte, muito certas.

O livro é bastante arrastado. A viagem de Leah não só é a parte principal da história, como é a única história do livro. No começo, cheguei a pensar que ela estava demorando para começar a viagem e super me arrependi de ter desejado isso, já que o resto do livro todo é só essa jornada. Durante mais da metade, fiquei tão entediada que estava considerando largar o livro. É realmente muito arrastado, muitas cenas que nem são tão inúteis, só chatas de ler mesmo. E o pior de tudo é o quanto esse livro é cheio de coisas ótimas e razões para amá-lo. A começar pela protagonista, Leah, que é uma das personagens mais incríveis que eu já tive a chance de conhecer! Se eu comprar o segundo livro e continuar com a trilogia, vai ser totalmente por causa dela! Ela é forte, esperta, tem compaixão, mas tem orgulho também. Ela sabe seu valor (que é altíssimo). O começo do livro é completamente apaixonante! Não tem como não se apegar a ela logo no primeiro capítulo, como não sofrer com ela quando os pais morrem (nem é spoiler, hein? É parte da sinopse). Rae Carson pode dar uma aula sobre fazer leitores se importarem com seus personagens, porque eu me apeguei a ela em poucos capítulos mais do que costumo me apegar com séries inteiras a outros personagens. E não é só a Leah e os pais dela. Adoro o Jefferson, a Becky, a Lucie, o Jasper, até os cavalos e os cachorros! Aliás, principalmente os cavalos e os cachorros! Eu sou daquelas que sofre pelo animal mais do que pelos personagens e sempre reclamei de ler livros em que os personagens usam cavalos como se fossem carros, sem parar para pensar em descanso e comida deles. Nesse livro, a autora se preocupou com isso o tempo todo! Eu não sei o que teria feito se ela tivesse largado a Peony como se fosse um objeto qualquer e não tratado ela como uma personagem essencial (o que ela é). Além de realista da parte dela, foi lindo ver que os animais nessa história importam. Além do realismo nessa parte, ela também prestou atenção em colocá-lo em outros detalhes. Por exemplo, ela não se esqueceu de que sua protagonista era uma garota viajando por meses e meses seguidos. Na maioria dos livros, é possível evitar problemas como menstruação, mas ela não poderia fugir deles aqui sem perder credibilidade. E ela não fugiu. Essa é outra coisa ótima do livro. Mas talvez a melhor parte (depois da Leah, porque a Leah é rainha) seja a relação entre os personagens. Durante uma viagem de seis meses (seis meses muito bem descritos, mais do que deveriam ter sido), não tinha como os relacionamentos não se desenvolverem. Essa é a parte que faz a viagem valer a pena, ver como as pessoas passam por tragédias juntas, como se sacrificam uma pela outra, como superam as coisas e se apoiam umas nas outras, como crescem juntas. Todas essas coisas ótimas do livro, infelizmente, chegaram a ser ofuscadas durante a parte mais chata e arrastada. Uma viagem de migração como essa é sempre arriscada, pessoas e animais morrem, coisas se perdem pelo caminho, e, passando pelo deserto como foi, sobreviver vira o único objetivo. Não tem como essa viagem ser fácil e divertida e isso passou para o livro. Claro que eu estava deitada confortavelmente na minha cama, com uma garrafa de água ao meu alcance e ventilador no teto, mas praticamente me senti viajando com eles pelo deserto. E isso teria sido ótimo se não tivesse passado do limite e ficado bem repetitivo. Eles viajavam e viajavam, e eu sentia que não saíam do lugar. Não tenho nada contra livro sobre jornadas, mas as coisas começaram a ficar parecidas demais, os problemas anteriores (antes da metade do livro) tinham sido mais interessantes e a narrativa antes tinha passado mais rápido, então não tinha porque ficar tanto tempo em algo que simplesmente não ia para a frente! Não tinha muito enredo a partir de pouco antes da metade, e eu infelizmente estava tão cansada de ler (juro que era a segunda vez que sentava para ler e já não aguentava mais), que tive que aceitar que, se algum dia resolver ler o segundo livro (pela Leah, simplesmente), não vai ser tão cedo. O mais triste é que a parte sobre encontrar ouro ficou como plano de fundo o tempo todo.

Ainda assim, todos os pontos altos desse livro são altíssimos, principalmente em questão da Leah (vou falar de novo, porque ela é realmente incrível). Todas as vezes em que ela ser mulher foi um problema (ou seja, sempre) foram interessantes. O jeito que ela lida quando está fingindo ser homem e quando não está também é bem legal de ver. Se ao menos a parte da viagem tivesse sido um pouquinho menor, quem sabe eu não estaria agora me sentindo tão exausta e necessitando um livro bem mais leve para compensar.
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