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RESENHA: Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento (Munro, Alice)

  • Foto do escritor: Laura Machado
    Laura Machado
  • 6 de ago. de 2019
  • 3 min de leitura

Sinopse:

As nove histórias reunidas em Ódio, amizade, namoro, amor, casamento, funcionam como retratos. Retratos de um momento da vida das personagens – e esse momento pode ser uma despedida ou um reencontro; retratos de um traço particular dessas pessoas, apreendido no instante exato de uma má escolha ou uma boa intenção; retrato de uma porção da memória que, por vezes, é buscada com um grande esforço e, em outros, se esvai na cabeça fraca da idosa ou nas lembranças levianas da menina que não reteve mais que um sentimento de excitação de todo um verão. Esses contos, se são sobre o cotidiano, não são nada banais. O primeiro, que dá nome à obra, relata a história de Johanna Parry, uma mulher simples e sem ambição que, por um engano, se coloca diante de um futuro com que nunca sonhou; em Ponte flutuante, Jinny recupera-se de grave enfermidade enquanto se deixa seduzir por um adolescente, em momento de inigualável poesia; Mobília de família resgata, aos olhos de uma escritora, a personalidade de uma tia que foi definitiva na sua infância; no belíssimo Conforto, Nina se despede do marido, na busca da compreensão profunda de seu ato de adeus; o encontro das memórias de duas personagens acerca de um verão, seus dramas posteriores e o fundo em comum que os une é tristemente o cenário de Urtigas; em Coluna e vigas, uma jovem mãe aprende a lidar com expectativas alheias sobre si mesma, e a importância da negociação; O que é lembrado é um comovente e sarcástico exercício de memória.


O QUE EU ACHEI:


Ainda bem que Alice Munro escreve mais contos que romances. Depois desses nove, não sei se aguentaria um romance inteiro dela de uma vez. Aliás, se posso dar um conselho a quem vai ler esse livro, acho bom dar um tempo entre cada um, porque as histórias não são leves e felizes e vão te deixar se sentindo um pouco pesado. Pelo menos, me deixaram.


A escrita da Alice Munro é excelente, é claro, e muitas vezes me peguei sentindo que estava lendo um livro de uma Jane Austen contemporânea. Ela analisa a relação entre pessoas e suas próprias personalidades de um jeito que eu sempre vejo nos livros da Jane. A maior diferença entre elas, sem contar com a época, é que a Jane Austen era pelo menos um pouco mais otimista. Alice Munro é daquelas autoras que gostam de escrever sobre tragédias da vida real. Suas histórias não são sobre nenhum navio naufragando ou queda de avião, são sobre doenças, traições, desencontros, infelicidades comuns, coisas assim. Isso não significa que não tenha nenhuma passagem menos pessimista e mais esperançosa, cenas lindas que inspiram, só que a maioria é sobre questões mais duras e das quais preferimos evitar ter que lembrar. Uma coisa que não consegui também evitar perceber - e que não é um defeito, é claro, - foram as semelhanças entre suas protagonistas. A grande maioria era casada com um cara pelo menos quinze anos mais velho, professor e tinha dois filhos. Foi estranho notar isso, na verdade, mas depois da terceira vez se tornou algo a me incomodar um pouco.


Aconselho sim a quem queira ler, mas já aviso que não é do tipo de livro para qualquer um. Meu conto favorito foi o primeiro.

 
 
 

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