RESENHA: A Joia - e a trilogia Cidade Solitária (Ewing, Amy)
- Laura Machado
- 6 de ago. de 2019
- 10 min de leitura
A Joia - Livro 1
Sinopse:
Joias significam riqueza, são sinônimo de encanto. A Joia é a própria realeza. Para garotas como Violet, no entanto, a Joia quer dizer uma vida de servidão. Violet nasceu e cresceu no Pântano, um dos cinco círculos da Cidade Solitária. Por ser fértil, Violet é especial, tendo sido separada de sua família ainda criança para ser treinada durante anos a fim de servir aos membros da realeza. Agora, aos dezesseis anos, ela finalmente partirá para a Joia, onde iniciará sua vida como substituta. Mas, aos poucos, Violet descobrirá a crueldade por trás de toda a beleza reluzente - e terá que lutar por sua própria sobrevivência. Quando uma improvável amizade oferece a Violet uma saída que ela jamais achou ser possível, ela irá se agarrar à esperança de uma vida melhor. Mas uma linda e intensa paixão pode colocar tudo em risco! Em seu livro de estreia, Amy Ewing cria uma rede de intrigas e reviravoltas na qual os ricos e poderosos estão mais envolvidos do que se possa imaginar, e onde o desejo por saber o destino de Violet manterá o leitor envolvido até a última página.
O QUE EU ACHEI:
Faz tempo já que eu aprendi que a expectativa que o leitor tem para um livro antes de começar a ler sempre influencia no que ele vai achar. Esse foi um livro que eu comprei apesar de ver várias resenhas de pessoas em quem confio dizendo que não gostaram dele. Quando eu mesma resolvi ler, achava que seria uma história boba, sem grandes acontecimentos, só para passar o tempo. Admito que não esperava gostar muito.

E devo reconhecer que o livro não é excepcional, o enredo não é brilhante, os personagens não são complexos e muitos dos detalhes da vida da protagonista são bastante bobos e superficiais, talvez até amenizados para ser uma história para leitores mais jovens. Mas esse é um livro para adolescentes e sua melhor característica é que ele é bem divertido! Não dá para negar que eu adorei a leitura, que quero ler todos os livros da trilogia o quanto antes e ainda mais os contos extras. Talvez eu tenha dado uma nota mais alta do que o livro merece só por isso, só por ter me divertido tanto. Ainda tenho críticas a fazer é claro, e quero começar pelos nomes dos personagens. Esse foi um detalhe que eu tive que me forçar a relevar, senão poderia ter estragado minha leitura. Na tradução para português, isso talvez nem seja uma questão, mas lendo em inglês é impossível não perceber a escolha da autora de dar a todos os personagens nomes de cores, flores, animais, pedras e outros substantivos, e foi uma péssima ideia. Ameaçou tirar toda a credibilidade da história mil vezes, porque todo mundo tinha um nome ridículo. Se fosse um ou outro personagem, ou sempre nomes que já são usados como nomes comuns hoje em dia (por exemplo, Violet), tudo bem. Mas Cobalt? Cinder? Foi complicado não me deixar irritar com isso. Outro problema do livro é o romance. A autora demorou tempo demais para introduzir um par romântico para a intensidade de sentimento que ela queria criar entre os dois personagens. Eles se apaixonam completamente rápido demais. Aliás, acho que teria sido muito mais crível e mais potente mesmo a relação dos dois se eles tivessem criado essa relação como aliados antes de chegar a ser algo romântico. Mas o único jeito de fazer isso seria ter feito o carinha entrar na história bem antes. Do jeito que ficou, não deu o menor tempo de eu me apaixonar pelo personagem também, aliás, mal o conheço e não faz muita diferença para mim se eles vão ficar juntos ou não. Essa é a parte mais fraca do livro, infelizmente. Eu adorei o enredo, achei que tinha sempre algo acontecendo, várias reviravoltas e revelações que me surpreenderam na maior parte do tempo e, mesmo quando não eram tão inesperadas, ainda foram interessantes. Acho que existem alguns pequenos furos em tudo, como o fato de que, se essas mulheres são tão raras e únicas, por que seriam tratadas sempre como descartáveis e fáceis de substituir? Mas eu adorei o final, adorei a última revelação e estou louca pelo próximo livro por causa dela!

Minha parte favorita dessa história é a mágica, que eu nem sabia que tinha. Foi algo que me conquistou de verdade, me fez querer fazer parte desse mundo. Só teria sido melhor se a protagonista fosse mais investida em ser incrível nisso, se ela cultivasse seus poderes e tentasse evoluir por ambição própria. Como eu falei, os personagens do livro não são muito complexos ou têm grandes desenvolvimentos, mas não acho que ela chegou a ser uma personagem ruim ou mal feita. Minha favorita é a Duquesa, mas a Violet tem bastante potencial, e tinha nesse livro também, por exemplo, para negociar mais sua própria vida, para se impor mais. Ela não é tão submissa quanto poderia ter sido, mas eu preferia ter visto mais empoderamento nela. Eu acho que essa história toda tem bastante potencial e espero que a autora o aproveite até o último livro, porque agora eu estou super animada com a trilogia e quero amá-la até o final!
A Rosa Branca - Livro 2
Sinopse:
No livro "A Joia", primeiro volume da série - A Cidade Solitária - Violet Lasting é comprada por uma das mulheres mais poderosas da realeza, a Duquesa do Lago, e vai viver com ela na Joia, o círculo onde mora toda a nobreza. Agora, Violet tem de fugir da Joia, do círculo nobre da Cidade Solitária para salvar a própria vida e a do seu amor, Ash. Junto com seu amado e Raven, sua melhor amiga, Violet tenta se libertar da terrível vida de servidão e crueldade. Só que ninguém disse que deixar a Joia seria fácil, e ela terá que passar por grandes obstáculos. No meio disso tudo, a jovem ainda descobre que há uma revolução sendo planejada contra a realeza e que seu papel nisso é fundamental. É hora de Violet descobrir que é muito mais poderosa do que sempre imaginou! A Rosa Branca é o segundo volume da trilogia "A Cidade Solitária" e traz novas e incríveis reviravoltas. Será impossível não ficar ansioso pelo último livro da saga.
O QUE EU ACHEI:
Tem alguma coisa nessa trilogia que me atrai demais, que me faz gostar muito dos livros! Eu não dava nada para essa história, achei que seria só uma diversão boba e rápida, e venho me surpreendendo cada vez mais.

Antes de explicar algumas das minhas partes favoritas dessa história e fazer algumas críticas, quero deixar claro que essa capa é péssima. Eu adoro o que a Rosa Branca significa, mas não tem nada a ver com essa garota de vestido creme aí e tenho certeza de que essa capa pode afastar muitos leitores por acharem que vai ter qualquer coisa sobre vestidos de bailes e romance, quando esse livro se desviou bastante desses tópicos e se mostrou bem mais revolucionário do que eu achei que seria. Ou seja, a capa é um belo desserviço para essa trilogia e esse livro ótimo. Esse segundo livro pode ser dividido em duas partes, a fuga e depois de a Violet chegar onde precisa (não é um spoiler, é praticamente a sinopse). Tenho que admitir que adorei a fuga, foi minha parte favorita. Já li milhares de livros, principalmente de distopia, em que as protagonistas precisam fugir de alguns lugares e esse foi muito bem feito! Foi mega interessante ver cada parte, cada problema, cada solução. A sensação de revolução é muito presente e eu adoro tanto isso em distopias! A segunda parte deixou mais a desejar. Ela não é ruim, nenhum momento desse livro é realmente ruim, mas ela foi bem mais corrida, e eu não consigo entender por quê! Talvez a própria autora tenha ficado um pouco entediada quando estava escrevendo e achou que o ritmo iria diminuir. Mas faria sentido o ritmo diminuir. A fuga é rápida, mas o desenvolvimento dos personagens e da revolução durante a segunda parte não precisava ser de jeito nenhum. Como foi feito, tudo ficou um pouco rápido demais no final, coisa que poderia ter durado só mais umas trinta ou cinquenta páginas e já melhoraria bem. E o livro é bem curtinho, aumentar um pouco só o deixaria mais ou menos do tamanho do primeiro. Eu estou muito surpresa mesmo com o quanto gosto dessa história e desse mundo, com o quanto me diverto com todos os livros! Estou achando até melhor que a série A Seleção, que teve bastante romance, mas pecou demais em questão de revolução. Essa daqui está se mostrando disposta a enfrentar as questões da sociedade e as solucionar. E eu amo, amo, amo o toque de fantasia, os poderes que existem e as explicações para eles! Principalmente a evolução deles nesse livro.

Meu único medo agora é do terceiro livro. Quando os dois primeiros foram tão divertidos e superaram tanto minhas expectativas, não consigo evitar criar outras ainda maiores para o final. Ele precisa ser perfeito. Mas eu tenho esperanças, mesmo já tendo me decepcionado várias vezes com outras trilogias e o fato do terceiro livro ser o menor dos três me assustar. Adoro esse universo e acho que essa trilogia merecia muito mais leitores do que tem!
A Chave Negra - Livro 3
Sinopse:
Por muito tempo, Violet e as pessoas dos círculos inferiores da Cidade Solitária têm vivido a serviço da realeza da Jóia. Mas agora, a sociedade secreta conhecida como Chave Negra está se preparando para tomar o poder. Embora Violet saiba que ela está no centro dessa rebelião, ela tem uma participação mais pessoal nela - pois sua irmã, Hazel, foi levada pela Duquesa do Lago. Agora, depois de lutar tanto para escapar da Jóia, Violet deve fazer tudo em seu poder para retornar não só para salvar Hazel, mas o futuro da Cidade Solitária.
O QUE EU ACHEI:
Já me surpreendi muito com várias histórias, mas essa trilogia é a campeã nesse quesito. Não dava nada para o primeiro livro e acabei adorando! Cheguei ao segundo cheia de expectativas e jurava que era quando ia me decepcionar, mas amei cada segundo dele. E esse terceiro, que tinha tudo para estragar a história anterior, conseguiu me surpreender desde o começo, mesmo quando eu achava que já não tinha mais como. Essa trilogia merece muito mais atenção do que tem.

Os três livros não são perfeitos, têm alguns defeitos e detalhes que poderiam ser melhores, mas em nenhum momento deles eu cheguei a querer dar menos do que quatro estrelas. Esse terceiro talvez mereça só 4,5, por seus poucos defeitos também, mas eu amei tanto a história que não conseguiria dar menos. Essa trilogia me fez chorar, me fez rir e me divertiu de um jeito que eu nunca achava que ela conseguiria! E esse final foi lindo, principalmente a última cena. Antes de falar as partes que mais amei, vou fazer minhas críticas. A primeira é que eu ainda acho que o livro poderia ter sido maior. Esse e o segundo, aliás, e isso não teria atrapalhado o ritmo (ótimo, por sinal). Também acho que algumas cenas do final poderiam ter ficado um pouquinho só mais difíceis para o lado da Chave Negra, mas ainda não foi nada que estragasse a história. Minha última crítica é que eu gostaria de ter lido pelo menos um epílogo contando da sociedade depois de tudo! Mas ainda é lindo poder imaginar! O ponto alto desse livro (e dos outros, porque eles têm isso também, mesmo que menos intenso) é que eu passei toda a leitura praticamente segurando a respiração! Era incrível o quanto eu estava nervosa, como ficava pensando o tempo todo que tudo ia dar errado! Me preparei o livro inteiro para tantas tragédias, que quando algumas aconteceram, eu quase não senti direito (mentira, até chorei em umas aí, mas acho que foi menos do que teria sido se eu não estivesse tão preparada para uma destruição completa dos meus sentimentos). A minha segunda parte preferida, que definitivamente é um dos pontos mais altos da história, é a união entre as mulheres desse livro! É ver a irmandade, a força que elas têm juntas! Meu deus, eu me emocionei todas as vezes em que vi pelo menos duas mulheres dando a mão (literal ou figurativamente) para se tornarem mais fortes. É maravilhoso ver isso, principalmente quando a trilogia quase tem aquele toque de protagonista super poderosa. Eu também amo como os três livros conseguiram explorar a Cidade Solitária, os cenários do segundo livro principalmente, e os lugares onde o enredo desse terceiro livro levou a história. Sério, me surpreendi com o enredo nesse, achei mega interessante e divertido o ângulo que a autora resolveu dar para tudo, mesmo que eu passasse por tudo sofrendo de ansiedade. Foi muito incrível, sério. A última cena foi linda também, a ponto de me fazer chorar depois de fechar o livro (sou muito chorona com livros, sério). Fez sim a história toda valer a pena, me deu saudades do começo e definitivamente me fez questionar o que está acontecendo com o mundo para essa trilogia ainda não ser mais famosa do que A Seleção! Sim, o romance dela não é dos melhores, é um pouco rápido e segundo plano totalmente, mas todo o resto é maravilhoso! A revolução que não tem em A Seleção tem aqui, e esses três livros conseguiram explorar o mundo da Cidade Solitária de um jeito que cinco livros da outra série não chegaram nem perto de conseguir explorar um país enorme daqueles.

Fico tão feliz de ter ignorado as críticas ruins e as capas não tão boas e condizentes com a história para ler essa trilogia! E acho que cada pessoa que não dá nada para ela deve tentar ler também. Não existe nada mais maravilhoso do que se surpreender com um livro incrível. Por último, só quero dizer que queria entrar na história e roubar o Rye para mim!
A história de Garnet - conto extra
Esse conto foi ideal! Eu queria que o Garnet fosse um pouco mais ligado em tudo, mas simplesmente adorei sua personalidade de qualquer jeito! O conto foi interessante, explicou algumas coisas e fortaleceu um ship meu que agora estou achando que não vai se tornar realidade (infelizmente!).

Serviu para me lembrar do quanto me encantei por esse universo e essa trilogia! Agora preciso dos dois últimos livros!
A Casa de Pedra - conto extra
Existe uma coisa que tende a acontecer quando autores vão escrever contos pelo ponto de vista de personagens diferentes do protagonista de uma série que me incomoda muito. Não só me incomoda, mas mostra que o autor não sabe realmente escrever a mesma cena por dois pontos de vista diferentes. Nesse conto, a Amy Ewing fez essa coisa, talvez nem tanto quanto vários outros autores, mas a história da Raven teria sido perfeita se não fosse por isso. Essa coisa é mais óbvia do que parece. Duas pessoas diferentes não podem ter a mesma impressão sobre a mesma coisa. Nesse conto, a Raven tem praticamente os mesmos pensamentos que a Violet teve sobre vários detalhes. Tem até uma hora no livro A Joia em que a Violet imagina que a Raven está passando para ela uma mensagem com os olhos, e a Raven na sua narração fala que está passando mesmo essa mensagem, com as palavras exatas usadas no primeiro livro da trilogia. Isso não existe na vida real. Não é normal uma segunda pessoa não perceber nada além do que a primeira percebeu, não ter nenhum pensamento contraditório com a narração da outra. A autora, como já vi vários outros fazerem, perdeu a chance de enriquecer a história com detalhes únicos da nova narradora e cometeu esse erro um tanto amador.

Sem contar com isso, o conto foi incrível. A Raven é maravilhosa, se mostrou uma protagonista muito interessante e eu até queria que sua história fosse mais longa. Em todos os momentos em que a autora não se perdia em frases quase idênticas às que usou no primeiro livro da trilogia, o verdadeiro potencial desse conto extra apareceu. Realmente, eu queria que ele tivesse sido mais longo e mais trabalhado.
Meu deus quando eu comecei a ler essa triologia, o terceiro livro ainda não tinha nem sido escrito ainda. Quase tive um infarto de tanta emoção que já lançou o terceiro (inclusive há um tempo) mas infelizmente só fiquei sabendo disso agora. Gostei bastante da resenha e das opiniões e pretendo voltar aqui para ter dicas de leitura. Inclusive, se puder dar um palpite, pesquise sobre o livro 9 de novembro da Colleen Hoover, acabei de terminar e estou indicando para Deus e o mundo, pois é um romance viciante 😍:)