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RESENHA: Persuasão (Austen, Jane)

  • Foto do escritor: Laura Machado
    Laura Machado
  • 4 de ago. de 2019
  • 3 min de leitura

Sinopse:

O enredo deste empolgante livro gira em torno dos amores de Anne Elliot que se apaixonara pelo pobre, mas ambicioso jovem oficial da marinha, capitão Frederick Wentworth. A família de Anne não concorda com essa relação e a convence romper seu relacionamento amoroso. Anos após Anne reencontra Frederick, agora cortejando sua amiga e vizinha, Louisa Musgrove. "Persuasão" é amplamente apreciado como uma simpática história de amor, de trama simples e bem elaborada, e exemplifica o estilo de narrativa irônica de Jane Austen, sendo original por diversos motivos, entre eles, pelo fato de ser uma das poucas histórias da escritora que não apresenta a heroína em plena juventude. O romance também é um apanágio ao homem de iniciativa, através do personagem do capitão Frederick Wentworth que parte de uma origem humilde e que alcança influência e status pela força de seus méritos e não através de herança.


O QUE EU ACHEI:


Nunca pensei que fosse escrever uma resenha para um livro da Jane Austen, nunca me achei capaz de ser objetiva o suficiente; mas como é um hábito meu sempre deixar uma resenha depois de terminar um livro, resolvi que tentaria para esse. Meus livros favoritos são da Jane Austen, Emma e Orgulho e Preconceito, mas consegui pelo menos ser objetiva quando li Razão e Sensibilidade, porque não gostei muito de quase o livro todo (e temia que Persuasão fosse para o mesmo caminho). Não foi! Não entrou na minha lista de favoritos, mas não consigo deixar de gostar muito da história e do jeito que foi contada.



Os livros da Jane Austen não são para qualquer leitor, nem mesmo para qualquer leitor de ficção histórica. Jane escrevia sobre sua própria época, sem qualquer pretensão de agradar leitores do século vinte e um. Muitas vezes, eu me via esperneando porque queria que a protagonista, Anne, tivesse feito ou falado alguma coisa que nunca teria encaixado na educação da época (e provavelmente teria sido tóxico e estragado tudo), mas sei que a errada aqui sou eu e minhas expectativas modernas. O único problema com esse livro serão os leitores que não consideram sua posição e a da autora e que o julgam de um jeito totalmente errado. E não é só em questão do enredo, mas da escrita também. Este não é do tipo de livro que dá para ler distraidamente ou que vai agradar todo mundo. Não foi escrito para ser uma leitura viciante, mas inteligente, e isso também não atrai todo mundo. Ele tem todos os detalhes mais importantes em um romance da Jane Austen: crítica aos costumes, à honestidade de caráter das pessoas, à importância dada a títulos, à vaidade e ao orgulho, além de um amor profundo e honesto, criado e cultivado entre dois personagens maravilhosos e humanos. Mas talvez a minha parte favorita em todos os seus livros sempre vá ser como ela consegue passar tanto sentimento em palavras que, para mim, são formais. É surpreendente sempre me encontrar tão absorta nos acontecimentos, como se aqueles sentimentos fossem meus, quando nunca me vi naquelas situações ou usei aquelas palavras. É uma verdadeira prova de seu talento um leitor da minha época se sentir sempre preso a formalidades não familiares e de repente perceber que já está tão envolvido, que não consegue se livrar da sensação de apreensão que só pode vir àqueles cuja vida depende de outra pessoa sentir o mesmo que eles Ou seja, o romance do livro é maravilhoso como nos outros dela. As últimas cem páginas são as mais emocionantes, as últimas vinte as melhores (nessa edição, minhas favoritas são a 270 e 271 - voltei para reler várias vezes). Os outros dois terços do livro são mais parados, talvez sejam ainda considerados mais maduros, pela idade e pensamentos da protagonista, mas senti um pouco da falta de evolução (que não apareceu tanto em outros livros dela). A Anne foi ignorada demais para o meu gosto, queria chacoalhar todo mundo que nem a via como opção para nada, que sempre ignorava seus comentários racionais e inteligentes! Mas, claro, essa indignação foi recompensada no final, principalmente por cenas incríveis entre ela e outro personagem.



Não tem por que recomendar um livro desses abertamente, quando gostar dele depende muito mais do leitor do que dele. Existe uma razão para Jane Austen ainda ser tão celebrada e definitivamente não é ao acaso. Se você resolver ler Persuasão, esteja ciente de sua época e da de Jane, de suas expectativas e daquelas de todos os personagens. Não espere um romance como aqueles de ficção histórica escritos hoje em dia (que eu também adoro, vou admitir). E aprecie toda a genialidade e a sutileza de críticas e epifanias que me fizeram relembrar o quanto essa autora mudou a minha vida.

 
 
 

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