RESENHA: Fogo contra Fogo (Han, Jenny e Vivian, Siobhan)
- Laura Machado
- 2 de ago. de 2019
- 5 min de leitura
Sinopse:
A festa de Ano-novo terminou com uma tragédia irreparável, e Mary, Kat e Lillia podem não estar preparadas para o que está por vir. Após a morte de Rennie, Kat e Lillia tentam entender os acontecimentos fatais daquela noite. Ambas se culpam pela tragédia. Se Lillia não tivesse se apaixonado por Reevie. Se Kat não tivesse deixado Rennie ter partido sozinha. Se a vingança não tivesse ido longe demais, talvez as coisas seriam como antes. Agora, elas nunca mais serão as mesmas. Apenas Mary sabe a verdade sobre aquela noite. Sobre o que ela realmente é. Também descobriu a verdade sobre Lillia e Reeve terem se apaixonado, sobre Reeve ser feliz quando tudo o que ele merece é o sofrimento, assim como ela ainda sofre. Para Mary, as tentativas infantis de vingança ficaram no passado, ela está fora de controle e pretende sujar suas mãos de sangue, afinal, não tem mais nada a perder.
O QUE EU ACHEI:
Que erro que foi esse livro, hein? Que jeito de estragar completamente uma trilogia que tinha tudo para ser incrível. Esse livro foi chato. As cenas foram chatas, a Lilia e a Mary foram insuportáveis de chatas e eu não sei como consegui terminar.

Não gosto de usar a palavra 'ridículo' em resenhas, porque a maioria das pessoas acham que é um xingamento qualquer. Então, eu só a uso quando tenho certeza de que é isso que realmente quero dizer. Esse livro foi quase completamente ridículo, no verdadeiro sentido da palavra. Ou seja, ele foi cheio de acontecimentos tão forçados, que só me fizeram rir, atirou para tantos lados que pareceu ter sido escrito por vinte pessoas, não duas e acabou com um epílogo que é a própria definição de inútil e só existiu para estragar tudo que veio antes. Que erro de livro, sério. Toda a parte paranormal dos outros foi completamente o foco nesse, de um jeito impossível de levar a sério. Só posso acreditar que as autoras não contaram para a editora qual seria o caminho que a história levaria no final, porque não é possível que uma editora realmente achou que tudo isso era uma boa ideia. Mas vamos por partes? Primeiro, vamos falar da Lilia que, nos últimos dois livros dessa trilogia, se tornou a Mary Sue perfeita, tendo todo mundo super apaixonado por ela e sendo inútil na maior parte do tempo. A falta de atitude dela me matou de frustração umas mil vezes durante só esse livro e eu não estava mais aguentando ver o quanto ela é princesinha mesmo! Odeio gente assim, mimada ao extremo e que só deixa as coisas acontecerem com elas, em vez de fazerem algo. Só nas suas últimas cenas ela ganhou uma determinação tão bizarra para a personagem dela e tão do nada, que deve ter vindo de um pedido expresso de alguém de fora. As próprias autoras não tinham feito nada antes para resolver isso. Até o romance da Lilia cansa rápido nesse livro e, em vez de ter uma reviravolta interessante, tem a pior de todas, a mais batida, o que não ajuda em nada no quesito do ridículo. A narração do sofrimento dela é a mais superficial que eu já li. O enredo do livro é péssimo também. Cheguei a me perguntar várias vezes por que estava lendo, já que não tinha um objetivo na história, um propósito para o livro. Aqui, as autoras perderam a super oportunidade de desenvolver um romance para a Kat, com quem quer que fosse. Em vez disso, elas só reforçaram o papel de idiota que o Alex fez nos outros livros. Até esqueceram de explicar que o desencontro dele com a Kat no primeiro foi só isso, desencontro, não que eles tivessem realmente terminado porque não gostavam um do outro. Mas o pior do enredo não é nem a falta de propósito, é a quantidade de coisas que acontecem sem qualquer sentido, sem realismo! (E, não, paranormalidade não é desculpa para tirar realismo da história, porque existem milhares de fantasias incríveis e que fazem total sentido por aí!) Além de a narrativa estar longe de ser boa (tudo simplesmente acontece, além de ser fácil demais, sem nada ser explicado e explorado), parece que as autoras tentaram abordar tantos, mas tantos temas, que ficaram sem saber como encaixar e colocaram menções a coisas que deviam ter sido mais exploradas no meio de cenas nada a ver. Parecia que estavam tentando dar lições de vida sobre absolutamente tudo que dava tempo. O epílogo foi assim. Em vez de aproveitar o romance que criaram e a relação entre os personagens, elas praticamente lembraram de última hora que tinham outra coisa para "ensinar" para os jovens e mudaram completamente o rumo de tudo. Não só desnecessário, foi outra coisa que ficou ridícula. Para que a gente precisa saber o que acontece nos próximos sete, oito anos na vida das protagonistas, se isso não vai trazer nada válido para a história? E o pior, para mim, é que muitos adolescentes vão ler e não vão conseguir ver o trabalho porco que elas fizeram aqui no final. A questão paranormal, apesar de não deixar incoerências com o primeiro livro, parece só ter aparecido mesmo no segundo e provou, nesse daqui, que nem deveria ter existido. Poderia ter sido uma história sobre perdão e superação, virou uma história basicamente sobre fantasmas. A questão mais importante, que era sobre o bullying, foi tratada de um jeito tão bom no primeiro livro, com a Mary contando sua história, mas depois ficou praticamente uma brincadeira nesse daqui. Toda a parte do Reeve, que foi interessante até, poderia ter sido bem melhor se não tivesse essa parte tosca e ridícula por perto. No final, eu, que vejo até as coisas que as autoras não passaram pela história propositalmente, acabei sem qualquer lição importante sobre perdão. O máximo que dá para você perceber é "não faça bullying". Para falar a verdade, elas até tentaram, na última página de narrativa da Mary, dar a super lição, de perdão e de quem era a culpa e tudo o mais. Na última página. Na última. Página. Depois de uma trilogia de mais ou menos 1200 páginas ao todo, na última da Mary, elas resolvem falar do jeito mais rápido possível sobre isso. Vai dizer que é válido jogar fora a profundidade que esse momento precisa ter só para criar clímax? Não vale. A Kat, deus a abençoe (estou soando como ela?), foi a melhor parte do livro, a única que me fez continuar lendo até o final. Se não fosse por ela, eu definitivamente teria largado logo no começo, e olha que só comecei a realmente gostar dela no final do segundo. Ela era a única pessoa sensata (mentira, o Reeve era também, mas ele não fazia parte dos esquemas, então não conta), a única pessoa que tomava uma atitude e, vamos admitir, a única cuja narração era característica para a personalidade dela. E ela merecia mais, muito mais. Até os capítulos dela a partir de um momento aí começaram a girar só em torno da Lilia! Meu oásis começou a ficar poluído. O mundo inteiro precisava se apaixonar pela Lilia e girar em torno dela, e as autoras nem conseguiram dar um propósito maior para a Kat. Aliás, a Kat foi a única das duas que teve algum desenvolvimento durante a trilogia, o que é ainda mais trágico, já que elas nem usaram todo esse foco na já egocêntrica Lilia para que ela crescesse.

Eu queria muito mesmo saber qual ideia foi de qual autora, quem decidiu o que, porque, por enquanto, essa trilogia me fez querer passar completamente longe de qualquer outro livro das duas, mas talvez eu esteja sendo injusta com uma delas. Infelizmente, não quero arriscar ler nada delas tão cedo. E o mais triste é o quanto eu amei o primeiro, como essa poderia ter sido das minhas trilogias favoritas e acabou sendo errada desde a primeira página do segundo livro. Eu amo sequências, amo séries, mas os autores precisam parar de dar continuidade para livros ótimos se eles só vão estragar tudo depois. Se alguém quiser falar sobre esses livros com spoilers, estou mega aberta. É só me mandar uma mensagem pessoal!
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