RESENHA: Um Estudo em Charlotte (Cavallaro, Brittany)
- Laura Machado
- 31 de jul. de 2019
- 4 min de leitura
Sinopse: No primeiro livro da série protagonizada pela jovem Charlotte, descobrimos que o talento para solucionar crimes corre no sangue da família Holmes. Com apenas 10 anos, a mais nova descendente do detetive ajudou a polícia a recuperar diamantes que valiam três milhões de libras. Agora, no ensino médio, a capacidade analítica da jovem é posta mais uma vez à prova quando um estudante da escola que ela frequenta nos Estados Unidos aparece morto sob circunstâncias intrigantes, aparentemente inspiradas em uma das histórias mais aterrorizantes de Sherlock Holmes. Os principais suspeitos do crime? Charlotte Holmes e Jamie Watson. Sim, esse mesmo, o tataraneto do fiel amigo do detetive inglês.
O primeiro crime solucionado por Sherlock Holmes, icônico personagem de Sir Arthur Conan Doyle, foi apresentado aos leitores há mais de 130 anos. A personalidade ácida e a mente brilhante do mais famoso detetive da ficção, no entanto, permanecem atuais e inspiram séries, filmes e livros. Um Estudo em Charlotte é uma referência ao primeiro livro sobre Sherlock, Um Estudo em Vermelho, e traz uma série de referências às tramas do famoso detetive.
Como Sherlock, Charlotte toca violino, é ótima em assumir diferentes disfarces, conduz experimentos forenses e tem uma fraqueza por opiáceos. Apesar de também ter herdado a audácia e petulância do tataravô, Charlotte tem seus próprios mistérios. Já Jamie sempre foi intrigado pela moça, mas, apesar do histórico familiar, os dois só se conhecem poucos dias antes do crime. Juntos, eles terão que provar que não são os culpados e, para isso, precisam agir como detetives.
Vencedor do prêmio de melhor ficção para jovens adultos da American Library Association, Um Estudo em Charlotte, da autora estreante Brittany Cavallaro, agrada tanto a leitores que começam a se interessar por tramas de suspense quanto aos fãs do universo de Sherlock Holmes.

O QUE EU ACHEI:
Normalmente, quando estou lendo um livro, já tenho uma boa ideia do que ele prometeu e não cumpriu, do que me surpreendeu, de qual nota quero dar no final. Mesmo que os acontecimentos durante o livro possam mudar muito a minha opinião, eu quase nunca fico em dúvida se o acho bom ou não. A Study in Charlotte é um livro que eu ainda não sei se gostei muito ou se foi só okay. Em algumas resenhas que eu tinha lido antes sobre ele, vi bastante gente falando que a Charlotte era parecida demais com o Sherlock. E ela tem muitos aspectos parecidos, sim, como alguns hobbies e alguns vícios, mas ainda achei que todos eles foram bem explicados e ainda senti algumas coisas nela que são bastante diferentes do Sherlock. Ela é tão complexa quanto espera-se que seja e, apesar de alguns leitores acharem que ela é péssima pessoa, não a achei tão péssima assim. Na verdade, eu gostei bastante dela como personagem, mas ainda senti que deixou algo a desejar, já que ela não foi tão incrível quanto poderia ser. Sobre o caso que ela e o Watson investigam, achei que foi bem construído, as peças todas pareciam não encaixar até ele ser solucionado. Meu único problema é que muitas questões dele não estavam ao alcance do leitor, e esse é um jeito um pouco fácil de ninguém descobrir o culpado (em vez de, por exemplo, esconder pela narrativa como a autora fez com outros detalhes). O final da história, faltando umas sessenta páginas mais ou menos, é a melhor parte. Eu realmente fiquei animada e queria saber como terminaria. Mas, até ali, eu estava um pouco desligada demais de tudo. Não me leve a mal, não tem nada de muito errado com o livro, só não consegui me importar com nada. Na verdade, no começo eu tinha a impressão de que nem a autora tinha decidido os detalhes sobre os personagens - principalmente o protagonista, Watson. É uma impressão muito esquisita, me faz não levar quase nada a sério do que ele fala. Ou seja, eu não estava convencida de como ele já tinha pensado na Charlotte antes de conhecê-la, nem de como a via. Até quase o final, eu ainda não tinha muita certeza da relação dos dois, o que é um absurdo, já que essa é a base toda do livro. Por falar na relação do Watson com a Holmes, esse talvez tenha sido meu maior problema durante a leitura. Eu sabia que o livro ia puxar para um lado romântico, mas não funcionou. Não é nem problema de eles não terem química, é mais de eles não terem a química certa. O romance não só é um pano de fundo, como ele mal aparece e poderia muito bem não ter existido. Não sei se a autora estava cautelosa demais para escrever um romance pelo ponto de vista de um garoto ou o que, só sei que ficou muito qualquer coisa e eu não shippei os dois em nenhum momento. Pelo contrário, cheguei a torcer para ter entendido errado e não ter nem sombra de romance entre os dois.

Não que isso estrague o livro. Como eu disse, não tem nada de tragicamente errado com ele. Durante vários momentos, eu fiquei realmente surpresa com os acontecimentos, gostei das personalidades dos principais e do caso que eles resolveram juntos. Acho que os próximos livros da série podem ser mais profundos em relação à construção dos personagens - sozinhos e entre si, - mas não posso dizer que o livro é surpreendente e incrível. É uma leitura fácil e divertida, mas nada que vá mudar a sua vida (como tenho certeza de que o Sherlock fez para muitas pessoas).
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