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RESENHA: Disruption e Corruption (SHIRVINGTON, Jessica)

  • Foto do escritor: Laura Machado
    Laura Machado
  • 19 de nov. de 2017
  • 7 min de leitura

Disruption é uma duologia distópica em que todas as pessoas dos EUA usam pulseiras que medem batimentos cardíacos e que, quando chegam aos 16 anos, mostram a porcentagem de combinação entre cada pessoa que passar por perto de você. Quando você recebe mais de quatro negativos (combinações que dão zero) em um mês, você é recolhido pelo governo para "clínicas de reabilitação". Maggie, a protagonista, fará de tudo para descobrir o que aconteceu com seu pai depois de ter sido levado pelo governo e como salvá-lo.


Assim que eu comecei a ler o primeiro livro livro, percebi que ele já devia ter virado filme ou série há muito tempo atrás! Para falar bem a verdade, eu sempre quero que meus livros favoritos virem séries, mas esse é daqueles que tem visual, ritmo e apelo de série mesmo! Li ele inteiro lembrando da série Eye Candy (ótima, aliás, não se deixe enganar pelo nome péssimo), tanto que só consigo imaginar a Maggie como a Victoria Justice.



Eu tinha expectativas enormes para ele, vou admitir. E, apesar de não ter sido o livro que mais me enlouqueceu enquanto lia neste ano, ele não decepcionou em nada! Tem alguns defeitos, é verdade, eu sou uma pessoa muito crítica para não perceber alguns detalhes mais fracos, mas nada que realmente tirasse a qualidade da história. Eu li do começo ao fim em um dia e vou começar o próximo assim que terminar essa resenha, porque, só de imaginar as cenas que devem me esperar nele, fico morta de ansiedade!


É isso que ele faz com o leitor. Com cenas de ação e tanta coisa sendo arriscada desde o começo, é impossível não se envolver completamente! Também achei que a autora conseguiu balancear super bem toda a vida da Maggie indo atrás de informações sobre o pai dela com problemas mais comuns. E o romance, meu deus, essa foi a parte que mais me surpreendeu, realmente. Eu achava que seria um romance comum, que não conseguiria ter tanto impacto assim, mas teve. E eu acredito que seja principalmente porque ele cresceu devagar, com certa lógica e de um jeito que combinou perfeitamente com a personalidade da protagonista, além de não ter em nenhum momento estragado de verdade as convicções dela. Achei isso muito necessário.

Mas vamos falar das minhas críticas para o livro?

Não é nada grande, já vou avisando. São só mínimos detalhes mesmo, que eu duvido que vão acontecer de novo no próximo livro.

A autora poderia ter tirado alguns comentários do livro. São poucos, mas ainda existem, comentários sobre outra garotas e o jeito que elas "se jogam" para alguns caras, principalmente o Quentin. Teve alguns pensamentos dela de competição desnecessária com outra garotas. Até entendo por que ela ficaria incomodada, mas não gosto quando escritoras incentivam esse tipo de ódio entre mulheres. Principalmente, aliás, quando combinado com outros comentários que foram raros, mas apareceram também no livro: aqueles básicos e batidos de como a protagonista não é como as outras, porque ela gosta de preto, luta e tudo mais. Para piorar, ainda teve o clássico "todos os caras estão interessados em você" e, por qualquer razão que fosse, não precisava estar ali.


Como eu disse, isso foi só um detalhe. Acho que, somando todos esses comentários, daria uns seis ou sete, e eles são todos rápidos, sem ela chegar a desenvolver o julgamento sobre as outras garotas ou um tipo de superioridade. Por isso também acho que dava para não ter colocado no livro e não ia fazer a menor falta, só pararia de incentivar esse tipo de coisa. É só por isso também que eu tirei meia estrela.


Na primeira metade do livro, tem algumas cenas até bem clichês, que acho que podem atrair a maioria dos leitores, principalmente porque elas não são chatas ou inúteis. Nessa primeira metade também, é mais difícil gostar da protagonista. Não só pelos comentários que eu fiz no parágrafos de cima, mas porque ela não é daquele tipo perfeitinha. Pelo contrário. Uma vez ouvi uma frase que faz muito sentido para ela. "Você pode ter o que quiser se estiver disposto a sacrificar todo o resto por isso." A Maggie fez exatamente isso, está fazendo ainda quando o livro começa. Ela está sacrificando tudo que precisa, até mesmo seu caráter, porque ela só quer seu pai de volta. E, por isso, ela faz coisas que - ainda bem, né? - muita gente não faria.


Então, se você é do tipo de leitor que quer aquela protagonista perfeitinha, de coração puro com uma moral impecável, não vai gostar da Maggie.

Mas, se você está aberto a entender uma pessoa determinada e forte como ela, vai acabar a amando até o final do livro, como eu! Porque, mesmo quando ela é irritante em ser tão foda, ela é foda! E a partir da metade do livro, parece que todos os pontos fracos e incertos dele desaparecem, e até ela fica ainda mais incrível! Ela não abandona a personalidade forte, ela não se deixa ser guiada pelo Quentin, mas vai mostrando mais de sua humanidade.


Sério, se o livro fosse só a segunda metade, eu já teria colocado ele na minha estimada lista de favoritos. Mas eu também imagino que o segundo seja ainda melhor, então estou guardando um lugar para ele lá. Depois desse desenvolvimento sutil, mas maravilhoso da protagonista, tenho que acreditar que só coisas incríveis vêm por aí!


Acho que a última coisa que preciso dizer é que eu previ o final. Infelizmente, quando ainda nem tinha chegado na metade, eu já imaginei o que estaria no final. Não que seja óbvio, na verdade, mas não é aquele negócio surpreendente, porque você nem sabia que aquilo era possível. É esse o problema. A partir do momento em que você entende mais ou menos todas as peças "do jogo", dá para prever o final. Mas preciso também adiantar que isso provavelmente não vai te incomodar. Não me incomodou. Não tirou o peso da revelação, não tirou o sofrimento de tudo que aconteceu ou diminuiu a importância do final (sem final!) que só promete um segundo livro ainda mais incrível!


Se você se interessou por Disruption - que é YA, ficção-científica, distopia e romance, - aposto que vai gostar! Mas leia com a mente aberta, que ninguém aqui é completamente bom ou completamente mal - o mundo desse livro é muito, mas muito mais complexo que isso.


Resenha do livro 2, Corruption:


Eu já tinha altas expectativas para essa duologia, mas elas só aumentaram depois do primeiro livro. Apesar deste segundo não ter me enlouquecido como eu queria que tivesse, como outros livros fizeram, ele ainda foi ótimo! Na verdade, se não fosse por pequenos problemas que nem interferem no enredo, seria perfeito!




E é engraçado - talvez até triste, - pensar em como alguns detalhes podem envenenar um livro. Não quis tirar nenhuma estrela, porque realmente acho que ele entrega exatamente o que propõe. Acho que as cenas de ação estão ótimas, os problemas foram bem críveis e a solução não foi utópica. Além disso, acho que o crescimento da protagonista até esse final foi incrível e ela acabou virando alguém que eu realmente admiro, que adoraria ver em outras histórias.


Ou seja, se você está procurando por um romance construído devagar, com a química certa e que seja bem fofo, vai encontrar aqui. Se está procurando por uma protagonista forte, inteligente e ótima no que faz, mas que não é perfeita e nem tenta ser, vai encontrá-la aqui. Se quer uma mistura de distopia, com um toque de ficção científica e bastante ação, essa duologia é definitivamente para você. E eu recomendo para todo mundo que lê em inglês e não for tão crítico quanto eu.


E, sim, eu sou muito crítica. Não dá para evitar, não sei ignorar alguns problemas. E me irrita principalmente porque eles são só detalhes, não acrescentam em nada na história, como no primeiro livro.

Não teve nenhum comentário sobre mulheres de um jeito pejorativo, mas ainda acho desnecessário o ciúmes da Maggie para garotas nada importantes. Mas o problema de verdade do livro nem é esse. Nem é a sombra de um triângulo amoroso que a autora pareceu querer colocar no meio e depois desistiu (apesar de isso ter sido bem tosco).


O problema foi o personagem do Quentin. Ele nunca foi fraco, realmente. Não imaginava ele bobo ou fofo ou inútil, nem nada assim. Mas nesse livro ele parecia diferente! Bem diferente, apesar de não desde o começo. E diferente de um jeito ruim. Ele foi bem mais violento do que eu esperava.

Não sei se o problema sou eu, que entendi a personalidade dele errado no livro anterior, mas eu o imaginava mais lógico, mais racional. Bater em um cara porque ele tem interesse na sua namorada para mim é inaceitável. Não é como se as pessoas realmente controlassem o que sentem. Não é como se o cara fosse um idiota ou não tivesse ajudado os dois o tempo todo. Não é como se ele fosse uma ameaça, como se estivesse competindo descaradamente, como se estivesse jogando na cara deles que ele é uma opção. O cara estava literalmente quieto no canto dele, se matando para ajudar todo mundo, e, por acaso, gostava da Maggie. Simplesmente não consigo aceitar que alguém racional acha que isso é razão para bater nele.


E isso é algo que contamina muitos livros, essa ideia de que "homem de verdade precisa ser agressivo". Sinto muito, mas isso é tóxico e completamente criado pelos homens inseguros o suficiente para acharem que enfiar murros na cara de alguém vai significar que eles são superiores. O que mais me incomoda são mulheres propagando essa ideia. E eu não estou me excluindo disso, porque já fui convencida por isso antes também. O ideal é perceber o problema e evitar se deixar levar.


E, para ser bem honesta, não teria me incomodado se o Quentin realmente tivesse batendo em alguém que merecesse. Quer dizer, ninguém era santo aqui. Mas a situação foi criada de qualquer jeito pela autora e não merecia esse tipo de cena. Minha opinião sobre ele caiu consideravelmente.

Principalmente, aliás, porque ele estava extremamente possessivo também. Isso, ele já era do começo, mas combinar a possessividade com agressividade acabou para mim. Prefiro caras fofos e gentis. Desculpa aí.



No resto, eu realmente acho que o livro foi ótimo e terminou do jeito que precisava. Não decepcionou, subiu o nível do primeiro e foi lógico. Não sei como essa duologia nunca veio para o Brasil.


 
 
 

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