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RESENHA: Isla e o Final Feliz (PERKINS, Stephanie)

  • Foto do escritor: Laura Machado
    Laura Machado
  • 15 de nov. de 2017
  • 4 min de leitura

SINOPSE: Tímida e romântica, Isla tem uma queda pelo introspectivo Josh desde o primeiro ano na SOAP, uma escola americana em Paris. Mas sua timidez nunca permitiu que ela trocasse mais do que uma ou duas palavras com ele, quando muito.Depois de um encontro inesperado em Nova York durante as férias envolvendo sisos retirados e uma quantidade considerável de analgésicos, os dois se aproximam, e o sonho de Isla finalmente se torna realidade. Prestes a se formarem no ensino médio, agora eles terão que enfrentar muitos desafios se quiserem continuar juntos, incluindo dramas familiares, dúvidas quanto ao futuro e a possibilidade cada vez maior de seguirem caminhos diferentes.Com participações de Anna, Étienne, Lola e Cricket, personagens mais do que queridos pelo público apresentados em livros anteriores da autora, Isla e o final feliz é uma história de amor delicada, apaixonante e sedutora, um desfecho que vai fazer os fãs de Stephanie Perkins suspirarem ainda mais


Esse livro é okay. Ele não é realmente bom, mas não é de todo ruim. Não é o melhor da trilogia, mas não é o pior. Ele começa bem, na verdade, só um pouco sem rumo, pulando vários pedaços de tempo (bem no estilo da autora mesmo), mas eu gostei, porque me lembrei de quando era adolescente e cheia de paixões platônicas. Mas logo parece que a autora mudou de ideia sobre o que seria o livro. Quer dizer, a capa com a foto de Nova York é totalmente enganadora. Por essa ideia, ela podia muito bem colocar uma foto de Barcelona, já que a história na verdade se passa em Paris.



Mas, como eu disse, o começo é legal. Mas aí, como diz na sinopse, Isla e Josh viram um casal em dois segundos. Do nada, ele gosta dela, o que traz um meio do livro bem qualquer coisa. Senti diversas vezes que poderia estar lendo qualquer livro, que não tinha nada ali que realmente era o toque deles, sabe? Até mesmo a Isla, que era para ser super tímida, deixou de ser em um segundo, como se se fosse uma escolha dela, não parte de sua personalidade.


Aliás, qual personalidade? A Stephanie Perkins é muito ruim em criar personagens, não tem jeito. Todos eles têm uma única dimensão. O Josh gosta de desenhar. a Lola gosta de fantasias. O Cricket gosta de coisas mecânicas. Só. Todos os outros gostos deles precisam ser por causa dessas coisas. Eu, como uma garota que gosta de moda, futebol americano, romance, rap, esmaltes e filmes de ação, me sinto até ofendida quando um autor tenta me convencer de um personagem que parece viver em uma única bolha.

Mas, mesmo assim, eles ainda são super melhores do que a Isla, que não tem personalidade nenhuma, nenhuma mesmo. Nem esse único gosto dominante característico da autora. Quando ela começa a duvidar que o Josh pode gostar dela, eu preciso concordar. Acho que dá para gostar de todo mundo, sério, mas, quando estou lendo um livro, preciso de uma razão um pouco mais convincente do que só pelo fato de ela ser a protagonista.


Infelizmente, essa não é a pior parte do livro. Quer dizer, ele é só okay, porque parece uma leitura de fanfic (que podem ser ótimas, mas muitas vezes são escritas sem edição, com mais vontades do autor do que realismo). Até os adultos desse livro são muito caricatos, o que me faz pensar que a autora deve ser também adolescente. Os dramas do livro são sempre bem imaturos, mas estou começando a pensar que ela não fez isso pelo público-alvo, mas porque é tudo que ela conhece.


Além disso e de outras coisas menores que me incomodam (como os espaços de tempo entre cada acontecimentos, que claramente só estão ali para passar o tempo e as visitas por Paris e Barcelona, completamente superficiais e inúteis - mesma coisa que aconteceu no livro da Anna), tem uma coisa bem errada que esse livro faz - e que tem também nos outros da trilogia, ainda que mais sutil no da Lola: toques machistas. Falo 'toques', porque muita gente nem deve ter visto, de tão sutis. São comentários aqui e ali de que 'ter tido só um namorado' significa que a Isla tem mais valor do que alguém que teve mais. É o ódio pelas ex-namoradas dos carinhas, mesmo que elas não tenham feito nada nunca de errado. São as meninas serem sempre lindas, delicadas, pequenas e baixinhas. É o mesmo estereótipo de sempre, que me incomodou bastante. Queria pelo menos ter visto um personagem menos clichê na trilogia toda, mas não teve. Queria uma única cena em que houvesse uma atitude mais feminista e empoderada. Tem até aquilo de homem escolher lugar do encontro e ter que dar o primeiro beijo. São coisas sutis às vezes, mas bem ruins.


O livro não foi de todo ruim. O começo é okay, o meio é pior e me deixou entediada, mas o final é bem bacana! Eu gostei bastante das últimas cenas, até do grande problema, porque acho válido esse tipo de questionamento. Mas ele apareceu meio tarde e bem deslocado, como se a autora não soubesse bem como chegar até lá realmente, então foi só tropeço até criar um propósito maior para o livro. Me deixou bem desapontada perceber que o amor platônico dela mal importou na história, serviu só para acelerar o romance deles, e que Nova York seria uma mera aparição, já que era isso que eu queria do livro. mas pelo menos não foi um livro só feito de clichês batidos e que me faziam revirar os olhos constantemente como no livro da Anna. O da Lola ainda é meu favorito, de qualquer jeito.


Ah, um detalhe: a aparição de todos os personagens e o final feliz forçado para eles foi difícil de engolir também. Mas, como a autora faltou com realismo em praticamente cada capítulo, não estava esperando nada de diferente.


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