RESENHA: Duologia Six of Crows (BARDUGO, Leigh)
- Laura Machado
- 4 de set. de 2017
- 8 min de leitura
Antes de mais nada, eu aconselho você a lerem a Trilogia Grisha antes de ler essa duologia. Pode ler todas as resenhas, porque nenhuma tem spoilers, mas a duologia tem para a trilogia e ler a trilogia antes vai te ajudar a apreciar um momento muito legal no livro Crooked Kingdom! Também preciso avisar que esses dois livros, principalmente o segundo, estão entre os melhores livros que eu já li. Vocês não vão se arrepender!

Sinopse de Six of Crows:
A OESTE DE RAVKA, ONDE GRISHAS SÃO ESCRAVIZADOS E ENVOLVIDOS EM JOGOS DE CONTRABANDISTAS E MERCADORES… …fica Ketterdam, capital de Kerch, um lugar agitado onde tudo pode ser conseguido pelo preço certo. Nas ruas e nos becos que fervilham de traições, mercadorias ilegais e assuntos escusos entre gangues, ninguém é melhor negociador que Kaz Brekker, a trapaça em pessoa e o dono do Clube do Corvo. Por isso, Kaz é contratado para liderar um assalto improvável e evitar que uma terrível droga caia em mãos erradas, o que poderia instaurar um caos devastador. Apenas dois desfechos são possíveis para esse roubo: uma morte dolorosa ou uma fortuna muito maior que todos os seus sonhos de riqueza. Apostando a própria vida, o dono do Clube do Corvo monta a sua equipe de elite para a missão: a espiã conhecida como Espectro; um fugitivo perito em explosivos e com um misterioso passado de privilégios; um atirador viciado em jogos de azar; uma grisha sangradora que está muito longe de casa; e um prisioneiro que quer se vingar do amor de sua vida. O destino do mundo está nas mãos de seis foras da lei – isso se eles sobreviverem uns aos outros.

Minha resenha de Six of Crows:
Tenho a leve impressão de que nunca vou estar pronta o suficiente para resenhar esse livro. Nunca li nada parecido, ele realmente parece ter sido muito, mas muito estudado mesmo, criado nos menores detalhes. Talvez eu até esteja exagerando um pouco, dizendo que não dá para descrevê-lo, mas eu tinha as maiores expectativas e ainda me impressionei.
Eu sabia que gostaria dele antes de ler, porque já sabia qual seria seu ponto alto: os personagens. É minha parte favorita de qualquer livro (ou, pelo menos, a que considero a mais importante). Mas a Leigh Bardugo ainda conseguiu me impressionar durante esse livro. Nunca imaginaria que era possível criar tanta história, tanta profundidade para tantos personagens em um livro só. Muitas vezes, na verdade, esse jeito dela de contar um pedaço da história deles no meio de uma cena me incomodou. Mas dá para ver a força que isso trouxe à personalidade deles e às decisões mais essenciais que eles tomariam dali para a frente. Dá para ver todos os milhares de detalhes que ela foi amarrando durante a trama perfeitamente. Acho que eu nunca tinha visto ninguém fazer isso tão bem.
Mas, na verdade, até a metade do livro, eu ainda não sentia que ele entraria para a minha lista de favoritos. A autora - que, na minha opinião, já tinha escrito a trilogia Grisha muito bem, - subiu completamente o nível dos seus livros e do universo Grisha nesse livro. Ela fez tudo maravilhosamente bem, somente as informações necessárias nas horas certas, tudo conectado, sigiloso e intrigante na medida. Acho que nunca li um livro tão bem criado, tão meticuloso e desenvolvido com tanta maestria. Mas, infelizmente, isso não é o suficiente para fazer um leitor amar de verdade um livro.
Quer dizer, alguém realmente ama de paixão Ulysses? (Até deve ter algum louco por aí, né?) E, mesmo assim, a genialidade dele é inegável.
Até a metade do livro, eu sentia a história um pouco pesada. Tive vários momentos em que sentia uma ligação linda pelos personagens, mas não eram tão recorrentes quanto eu queria, em meio à tanta complexidade e tantos detalhes. Mas aí, passando da metade, tudo parece ter se intensificado. A história ficou mais rápida, os detalhes de histórias do passado dos personagens ficaram mais raros e logo passaram a ser inexistentes, mesmo assim provando sua importância nas partes mais cruciais. Aquela leve ligação que eu criei com os personagens só ficou mais forte e eu passei várias e várias páginas seguidas repetindo para mim mesma o quanto amo eles e a história. Aliás, passei várias dezenas de páginas sem nem olhar para o número delas (o que tinha acontecido muito antes). A primeira metade, que eu tinha me esforçado para ler, se transformou na segunda, que eu li em uma madrugada, com sono e dor de cabeça, porque me recusava a não terminar. A história fica emocionante o suficiente para você cancelar o resto do mundo só para ler.
Aí, sim, percebi o carinho e o amor que desenvolvi pelo livro que lhe garantiam um lugar na minha lista de favoritos.
Sem contar com um ritmo um pouco mais arrastado do que eu desejaria no começo (não se engane, não é que nada de interessante acontecia. É só o passado mesmo dos personagens que cortava um pouco os acontecimentos), só tenho uma única outra crítica para a história. Pode falar que eu não estou nunca satisfeita (apesar de que dou cinco estrelas se eu amar o livro, independente de ele ter defeitos ou não), mas em alguns momentos eu senti mesmo que o livro era um pouco perfeitinho demais. As peças encaixaram todas bem demais. Senti um pouco mais de falta de cuidado em alguns momentos (que tipo de crítica é essa?). Nem tudo precisava ser tão bem alinhado, sabe?

Mas isso realmente é crítica de privilegiado, porque o livro é maravilhoso e nada é deslocado de propósito. O ponto alto, além dos personagens, é a relação entre eles. Meu deus, a amizade da Inej com a Nina foi maravilhosa. A última coisa que a Inej fala no livro pro Kaz foi maravilhosa também, o que ela pensa logo antes deveria ser ensinado em escolas para todo mundo - como se dar valor, não aceitar migalhas de atenção, como se amar primeiro. Jesper e Wylan me deixaram completamente curiosa para o segundo livro, me apaixonei pela relação da Nina com o Matthias logo no começo, a complexidade de todas as crenças dos dois e como eles as quebravam, mas as mantinham. Gente, que desenvolvimento incrível. Que capricho, sério!
Até o Kaz, que não caiu tão bem para mim no começo (principalmente por aquilo da perfeição que falei, ele me parecia um pouco gênio demais de vez em quando), se mostrou digno de líder desses seis loucos desvairados que foram para o fim do mundo por luxúria e, vamos admitir, seus próprios sonhos. E o final, meu deus, não vou conseguir relaxar até ler o próximo livro, que promete ser ainda mais perfeito! Pelo menos, espero que seja, agora que a autora não precisa nos ensinar mais quem os personagens são.
Aliás, um último comentário: a escrita da Leigh Bardugo nunca foi nem um pouco ruim, mas, como tudo nesse livro, ela subiu muito de nível desde a trilogia Grisha. Já sei que vou ler qualquer livro que ela escrever daqui para a frente.

Minha resenha de Crooked Kingdom:
Este é definitivamente o melhor livro que eu já li de YA, fantasia ou qualquer outro gênero além de clássico. E tenho certeza de que daqui alguns anos ele vai entrar para a lista dos livros eternos, porque a história dessa duologia é simplesmente espetacular e não sobrou o menor espaço para os dois livros terem sido melhor.
Quanto ainda faltavam 150 páginas para terminar esse segundo livro, me lembrei da primeira vez que eu os vi pessoalmente. Já tinha visto milhares de vezes pelo Instagram, já tinha achado as duas capas maravilhosas e visto que muita gente gostava da história. Mas, quando os peguei na mão em uma livraria, decidi que eles não eram para mim. Não sei por que, simplesmente achei que não eram meu estilo. E nem é questão de serem 'dark' demais, já que aparentemente eu nunca acho nada dark o suficiente (quando é divulgado assim). Alguma coisa nesses livros me deu a impressão de que eu não gostaria.
Foi só alguns meses depois, quando fui pesquisar de novo resenhas sobre eles que vi sobre o que era e resolvi que precisava tê-los para mim de qualquer jeito! Lembro de passar várias semanas sonhando com quando os teria e tentando aguentar minha ansiedade. Pois acabei comprando e ainda demorei um mês e meio para começar a ler o primeiro depois de eles chegarem aqui em casa.
E a lição é simples, uma bem batida que todo mundo sabe: nunca julgue um livro pela capa. A diferença é que eu sempre tinha achado a capa maravilhosa, mas tive que aprender a não colocar limites no meu próprio gosto, a dar uma chance para histórias que parecem não serem parte da minha zona de conforto. E tudo isso, porque essa duologia mudou a minha, porque esses livros vieram a significar mais para mim do que eu saberia explicar.
Eu só leio resenhas do primeiro livro quando é duologia/trilogia/série, por medo de spoilers. As resenhas de Six of Crows conseguiram deixar minhas expectativas super altas, mas ler o livro e gostar ainda mais do que eu esperava só me fez criar as expectativas mais absurdas e inalcançáveis para o segundo. Quanto mais eu lia Crooked Kingdom, mais eu me obrigava a pensar que talvez o final fosse ruim, talvez a história acabaria desandando. Eu tentei muito, mas foi impossível controlar minhas expectativas. E todas elas acabaram despedaçadas, porque esse livro foi impecável do começo ao fim. Amei cada segundo, cada parágrafo, cada evolução dos personagens, plano dando errado, beijo roubado. Meu coração está destruído, mas ainda me sinto mais completa depois de ler esse livro extremamente maravilhoso.
Eu poderia falar desse livro para sempre, mas nunca conseguiria explicar mesmo todos os detalhes super bem pensados e bem criados dele. Nem toda a ansiedade que ele conseguiu me fazer sentir desde o primeiro capítulo até o último! Ou a felicidade de ver tudo se desenrolar, a sensação de vitória ao ver os personagens se superarem e se levantarem depois de caírem. Eles continuam sendo a melhor parte, a relação entre si, como um melhora o outro, ajuda o outro a evoluir, como eles vão aprendendo a confiar em si mesmos e a realidade absurda da personalidade deles, das ações e todo o desenrolar da história. Fiquei esperando a autora forçar uma cena aqui e ali só para apelar para o que os leitores costumam gostar, mas ela foi impecável! Se não consigo explicar meu amor pelo livro, minha admiração pela autora então, nem se fala. Daria meu sangue para saber que ela vai escrever outros livros nesse universo. Me recuso a aceitar que vou ter que me despedir desses personagens e já fiz várias promessas para os livros que voltarei a ler cada um deles logo!

Acho que nem preciso dizer que minha nota é cinco, certo? Apesar de que sinto que esse livro é tão bom, que ele nem deveria precisar receber uma nota.

Mas, se você está pensando em ler, a única coisa que eu posso te falar é que você não vai se arrepender, que, no máximo, vai ficar se perguntando por que demorou tanto para vir conhecer a gangue de seis corvos que se odeiam e se amam tanto. E se você já leu Six of Crows e achou que aquele livro é incrível, você não tem nem ideia do que te espera nesse daqui. Aproveite essa deliciosa descoberta e o melhor livro que eu já li em muito, muito tempo mesmo).
Por último, só porque eu não saberia terminar essa resenha sem falar, vou levar esses personagens para sempre no meu coração! Não consigo pensar em ter que me despedir! E aqui vai um abraço especial para o Colm, que fez toda a diferença nesse livro!
Six of Crows e Crooked Kingdom já foram publicados no Brasil pela Editora Gutenberg! Six of Crows tem a mesma capa, mas eles mudaram a do segundo livro (para uma que não é muito bonita, na minha opinião. Por que eles não mantiverem nem o K?). O que vocês acham dela?
Para entender esses dois livros precisa ter lido antes a trilogia grisha?