RESENHA: Trilogia Estilhaça-me (MAFI, Tahereh)
- Laura Machado
- 11 de ago. de 2017
- 10 min de leitura
Durante meses, eu fiquei olhando o box dessa série na Amazon, sonhando com quando poderia comprar. Depois que chegou, passei na frente de muitos livros e acabei terminando em três dias! Não é das minhas séries favoritas, mas foi divertido do começo ao fim!
Sinopse de Estilhaça-me:
Juliette nunca se sentiu como uma pessoa normal. Nunca foi como as outras meninas de sua idade. O motivo: ela não podia tocar ninguém. Seu toque era capaz de ferir e até matar. Durante anos, Juliette feriu e, segundo seus pais, arruinou o que estava à sua volta com um simples toque, o que a levou a ser presa numa cela. Todo dia era escuro e igual para Juliette até a chegada de um companheiro de cela, Adam. Dentro do cubículo escuro, Juliette não tinha notícias do mundo lá fora. Adam ia atualizando-a de tudo. Juliette não entendeu bem o que estava acontecendo quando foi retirada daquela cela e supostamente libertada, ao lado de Adam, e se vê em uma encruzilhada, com a possibilidade de retomar sua vida, mas por caminhos tortuosos e totalmente desconhecidos. "Estilhaça-me" é um romance fantástico, que intriga, angustia e prende o leitor até a última página com uma história surreal que mistura amor, medo, aventura e mistério e traz um desfecho surpreendente.

Minha resenha de Estilhaça-me:
Tem alguma coisa de errada nesse livro. Durante ele quase inteiro, fiquei com a sensação de que estava faltando alguma coisa e foi só a partir do meio que entendi o que era: experiência. Dá para ver que esse é o primeiro livro que a autora escreveu, porque muitas cenas, muitos diálogos e muitos desenvolvimentos são bastante amadores. A criação dos personagens é muito falha, eles têm uma história e uma personalidade que nunca convencem direito e a relação entre todos não faz muito sentido nunca. É bem esquisito isso, na verdade, mas eu já me acostumei a perceber certa falta de experiência do autor em alguns livros. Dá para ver em como não tem consistência na personalidade dos personagens ou nas falas deles, no jeito que são vistos pela protagonista. E os acontecimentos são bagunçados, dando uma impressão forte de fanfic, de faltar, não com realismo, mas com peso mesmo. Durante o livro inteiro, eu nunca me senti realmente convencida pelo mundo, pelos personagens, pelos acontecimentos, por nada. Li quase como se por cima, de tão superficial que tudo me pareceu. Tem outra coisa que eu não gostei no livro. A história é bem fácil de ler, consegui ler em um dia só e não senti que estava pesada em nenhum momento. Mas, meu deus do céu, a narração sabe ser bem chata às vezes (quase constantemente). O livro é narrado de um jeito totalmente novo para mim, tão confuso que parece mesmo que está dentro da cabeça da Juliette. E isso incomoda um pouco, mas só pela falta de costume mesmo. O que me irritou de verdade foram as milhares de repetições (e olha que eu costumo gostar de narrador repetitivo para ênfase) e as metáforas exageradas e desnecessárias a cada duas linhas. Sim, eu sei que parece que eu estou exagerando. Mas é sério. A cada duas linhas, tem uma metáfora exagerada, inapropriada, que muitas vezes quebra o clima do momento e faz tudo parecer uma fofoca boba. É bem tosco, na verdade. Se a autora tivesse decidido usar as metáforas para só alguns momentos, teria ficado mais especial. Do jeito que ela escreveu, eu só revirava os olhos quando aparecia a próxima e muitas vezes não fiz a menor questão de imaginar, questionar ou tentar encaixar no momento. Outro detalhe da narração que me incomodou foi que muitas ações não eram completas. Por exemplo, a Juliette se sentava na cama e na próxima linha ela estava de pé, do outro lado do quarto, sendo empurrada contra a parede, sem nenhuma mínima explicação de como ela foi de uma ação para outra. Esse tipo de inconsistência aconteceu várias e várias vezes. Faltou revisão. Agora, sobre os personagens. A Juliette parecia ter bastante potencial no começo, mas, como todos, ela é bem mutável, bem clichê de protagonista de distopia, sem qualquer personalidade especial ou diferenciada, mas super poderosa e linda a ponto de fazer todo mundo se apaixonar por ela. Revirando os olhos aqui. O que mais me incomoda nela é que ela adora dizer que "não é uma brinquedo, não é uma boneca", mas não tem absolutamente nenhuma atitude. Nem mesmo quando ela é beijada pelo cara por quem ela se insta-apaixonou, ela não tem reação. Parece mesmo que ele está beijando uma boneca. Segundo a narração, ela não fez nada - além de ficar parada e deixar ele a beijar - até o terceiro beijo. Sofrido. Mais sofrido ainda como ela é jogada para todos os lados e não sabe tomar uma única decisão. Nunca vi uma personagem tão sem atitude. O Adam é outra interrogação. De primeira, parece ser super bad boy. Depois ela dá a entender que ele é fofo, ele até fala algumas coisas que parecem indicar isso, mas não encaixa muito bem no jeito dele e nas atitudes, e vai nessa incoerência até o final. E sobre o Warner, que todo mundo ama, preciso dizer que não existe nada que ele possa fazer nos próximos livros que perdoe ou compense a personalidade dele nesse. Sinto muito. Não sei o que a autora pode ter reservado para ele, mas se ele deixar de ser vilão, vai ser um erro tremendo. Ele foi completamente psicopata aqui.

Talvez esse livro nem mereça três estrelas, para falar a verdade. Resolvi dar essa nota, porque achei os momentos românticos bem descritivos e foi uma leitura relativamente agradável. Vou ler o próximo agora, em seguida, principalmente porque devo terminar em uns dois dias. Não é difícil ler livros mais superficiais.
Minha resenha de Liberta-me:
Depois do Shatter Me, que foi bem intragável em alguns momentos, Unravel Me é mais aceitável. Não é ótimo, nem chega a ser bom de verdade, mas continua sendo fácil de ler (ainda bem, porque ele tinha 460 páginas e não existe nada pior do que um livro grande arrastado). Li em menos de 24 horas, para falar a verdade. Eu entendo por que as pessoas gostam dessa série, de verdade. Ela tem uma protagonista que faz todo mundo se apaixonar por ela, que já teve quatro - QUATRO - opções de caras interessados nela, que ouve o tempo todo, até do pior vilão, o quando ela é linda e sexy e incrível. A série tem dois caras - musculosos, de corpos perfeitos, sem qualquer defeito, porque quem quer ter que se apaixonar por um cara mais normal, né? - que lutam, literalmente lutam pelo amor dela, que se apaixonaram por ela sem precisar de mais do que só olhar direito para ela. E a série tem também um cara mau que só é bom pela protagonista. Ou seja, essa história junta todos os clichês desnecessários e fracos de distopias que infelizmente puxam um pouco da fantasia superficial feminina (principalmente no meio literário). Mas eu não consigo ser convencida, não consigo levar nenhum desses fatores a sério, porque dá pra ver que a autora colocou porque não soube pensar em nada melhor, não soube criar personagens realmente únicos e situações mais realistas. Ela praticamente só seguiu uma receita de distopias YA e pronto. E, o pior até, todos os poderes, o lugar onde eles moram, tudo remete a X-Men. Ou seja, nem essa ideia é realmente criativa e eu estou começando a ficar bem irritada com autores que copiam esses elementos e ganham dinheiro em cima de ideias dos outros.

Como eu falei, este livro é um pouco melhor que o primeiro, principalmente porque os acontecimentos dele são menos atropelados e aleatórios. Mas eu só consegui ficar menos incomodada quando passei a ver a história como uma distopia meio de super-heróis mesmo. Porque comparar ele com a série Jovens de Elite, por exemplo, (que quase poderia ser considerada do mesmo gênero) só provaria o quanto Shatter Me é uma série terrivelmente amadora (aliás, viva a rainha Marie Lu). Este livro também é melhor que o primeiro por causa da narrativa. Quer dizer, as milhares de repetições desnecessárias, as hipérboles exageradas (redundante, mas necessário aqui) e as metáforas sem pé nem cabeça continuam, sim, mas pelo menos é um pouco menos do que no primeiro. Irrita menos, garanto. Mas, é claro, a Juliette só serviu de novo para provar como ela é o pior tipo de protagonista que existe no mundo. Ela é daquelas que nem merecem ser protagonistas. Como no primeiro, ela ainda não tem atitude nenhuma! Não consegue nem fazer as perguntas que precisa para salvar todo mundo - reflita. É daquelas que se derrete por qualquer toque de qualquer cara, que chora por tudo, que só sabe fugir das coisas, não consegue nem fazer amizade com as garotas que dividem quarto com ela! É definitivamente a personagem mais sem atitude que eu já vi! Ela continua sendo beijada, em vez de realmente beijar o cara que ela quer. Se você discorda comigo e já leu o livro, releia o capítulo 62. É para ser o beijo mais importante da série, mas ela passa quatro, cinco, seis páginas parada. Literalmente parada, deixando o cara a beijar sem reagir. Não sei como ele não sentiu que estava beijando uma boneca, sério. Isso é muito esquisito. Todos os personagens são ruins. Sim, teve um desenvolvimento melhor para o Warner, mas a autora ainda errou muito quando criou ele. Só de ela ter feito ele ser obcecado pela Juliette já me dá vontade de sair correndo toda vez que ele se aproxima. Ela também estragou o Adam completamente, fez ele ser inútil, como se só vivesse pela Juliette. Tem alguma coisa no mundo mais irritante? Na minha opinião, ela colocou umas três cenas de brigas e de drama romântico entre eles a mais do que deveria. Acho que a única coisa mais irritante é não existir uma única personagem feminina que importa nessa história - além da protagonista. Todos os amigos são homens, os líderes são homens e as únicas duas personagens femininas que aparecem de vez em quando são vistas pela Juliette quase como aliens, perpetuando a ideia de que "amizade com mulher é difícil", não é para a querida protagonista, que é a musa de todos os homens, mas não consegue entender as mulheres (ela realmente declara que não sabe fazer amizade com mulheres). Praticamente tudo que eu odeio em um livro. Não sei como achei a leitura mais agradável do que o primeiro.

Só teve um personagem que foi uma surpresa e quase fez tudo valer a pena: o Kenji. Os momentos em que ele faz piada ainda são extremamente forçados, infantis e ridículos, mas ele é incrível quando está sério. Graças a deus, alguém é sensato nesse lugar. Não sei como teria sobrevivido a esse livro sem ele! Sim, eu vou ler o próximo, mas não sei se vou ler esses outros três que resolveram lançar agora - a não ser que mudem de protagonista! Aliás, uma dica: não acredite nas frases que estão escritas nas capas dos livros dessa série. São todas falsas. Juliette falando que vai encontrar o Reestablishment antes que eles a encontrem? Ha-ha. A garota não gosta nem de ter que tomar café da manhã com qualquer pessoa que não seja o Adam. Por favor, né. Propaganda enganosa, não.
Minha resenha de Incendeia-me:
Graças a deus, um livro bom nessa série! Depois de dois sofridos, o último livro do que teoricamente ainda é uma trilogia (vão lançar mais três a partir do ano que vem) foi mil vezes melhor! Os acontecimentos faziam sentidos, os personagens estavam mais interessantes e maduros e eu consegui ser mais convencida por tudo. Minha parte favorita (sem contar com o Kenji, que é amor puro) foi o final! Foi ótimo! Mas ainda não consigo dar mais do que três estrelas e meia para esse livro por um motivo crucial: os três personagens principais da história já começaram o livro mudados. Deles, só o Warner é mais consistente com como ele era no segundo livro, mas ele já tinha mudado do nada desde o primeiro também. A Juliette acorda no dia seguinte como uma nova pessoa. O Adam parece ter sofrido um transplante de cérebro, porque não é possível ele ter mudado tanto em tão pouco tempo. E isso, para mim, é inaceitável. Personagens que mudam de uma hora para a outra, porque o autor não consegue desenvolver devagar, é inaceitável. Mas, depois de ler dois livros meio chatos e cheios de problemas (sem contar com o dos contos extras), em vez de focar nesse defeito dos personagens, resolvi ler Ignite Me como se fosse um livro completamente novo, sem me importar com os que vieram antes. Coloquei na minha cabeça que era um livro de super-herói (e é, não sei porque não foi divulgado assim) e que não fazia parte de nenhuma trilogia. Ou seja, que os personagens nunca tinham sido completamente diferente dois dias antes do primeiro capítulo desse livro. Assim, acabei conseguindo realmente me divertir com a história e gostar mais da Juliette e do Warner.

Depois do final do segundo, eu não queria por nada ler os próximos (o quarto livro da série, que vai ser lançado ano que vem, já tem título: Restore Me). Mas se a autora continuar com a história nesse nível, vou ler sim! A parte mais difícil, que era fazer a Juliette encontrar sua força, ela já estragou. Seria quase impossível piorar o desenvolvimento dela agora. E, como falei, eu me diverti com a história desse livro. Li também em um dia, porque as cenas eram interessantes e o final foi emocionante. Espero que os próximos livros sejam assim também.

Minha única outra crítica é pelo treinamento dela. Foi tudo muito fácil. Uma hora ela tenta, na próxima consegue. Depois de ler tantos livros no estilo Jornada do Herói (literalmente no caso dessa série), senti preguiça da autora de desenvolver essa parte. Mas não foi algo insuportável, só bobo e fácil. E, viva!, aquela narrativa bizarra dela estava bem mais simples nesse livro, o que foi perfeito. Nos momentos mais importantes, ela apareceu, mas abaixou o nível nos outros (e tirou aquela impressão de que a autora só consegue sentir que tem um estilo se for pra enfiá-lo em nossas gargantas mesmo quando desnecessário e exagerado).
Minha resenha das histórias extras (Destrua-me e Fragmenta-me):
Estes contos só serviram para remediar várias coisas da história. O do Warner, para tentar mostrar ele mais como humano (um lembrete básico aqui de que Hitler tinha um cachorro e era completamente apegado a ele. Gostar de animais não significa que você tem compaixão por pessoas). Para mim, a personalidade do Warner nesse conto bateu com a dele em Unravel Me, mas é bem diferente da dele em Shatter Me. Não chegou a me fazer gostar dele. Na verdade, fiquei o tempo todo pensando que ele precisa fazer terapia, que está mesmo à beira de ser um psicopata. Aliás, até mesmo pelo conto do Adam, deu pra ver que a Juliette também tem sérios problemas psicológicos que precisam ser tratados urgentemente. E esse amor do Warner não ajuda em nada. É obsessivo, narcisista e simplesmente louco. Está faltando um psiquiatra nessa história! O conto do Adam é desnecessário até a metade, quando a Juliette sai da história e a gente descobre coisas que não apareceram no segundo livro. Mas é muito óbvio o que a autora está tentando fazer. Ela claramente quer desconectar o Adam da Juliette para ser mais fácil ela escolher o outro. O que é realmente ridículo, já que dois dias antes o Adam estava morrendo porque não podia tocar nela! Claro que é super válido ele escolher o irmão, mas a indiferença foi forçada. E, pior do que ele literalmente pensar que a Juliette não consegue fazer nada sem ele, só a sutil demonstração de interesse dele na direção uma personagem feminina completamente nova. O diário da Juliette é quase só uma coletânea de todas as passagens que já aparecerem. E deveria ir direto pra mão de um psiquiatra mesmo! O bom desses contos é que, como a Juliette não foi a protagonista, a narração foi bem menos insuportável! Menos hipérboles, repetições, frases com pontuação bagunçada e metáforas bizarras. Um pequeno respiro nessa série.
Falou tudo! Penso exatamente assim, acho que metade do livro era só eu revirando o olho com praticamente todas as ações da Juliette. Quando o Kenji finalmente falava SÉRIO com ela nos primeiros livros, eu ficava realmente feliz. Sério, ícone demais. O mundo acabando e a Juliette se importando apenas com si mesma e nada mais. Em relação as cenas, só consigo me lembrar da em que ela descobriu que podia controlar seu poder do toque mortal. Foi a coisinha mais mixuruca, só decepção.